Na manhã do dia 29/4, ocorreu o evento “Diálogos da Diáspora – Construindo pontes entre ecossistemas de CTI”, promovido pela Embaixada do Brasil na Áustria em parceria com a Academia Brasileira de Ciências (ABC) e com o Programa de Diplomacia da Inovação (PDI). O encontro reuniu pesquisadores baseados na região da Europa Central, sobretudo da Áustria, e brasileiros interessados em desenvolver pesquisas e estudos nos países. 

O evento foi mediado pelo embaixador do Brasil na Áustria, José Antônio Marcondes, e contou com a participação do presidente e da vice-presidente da ABC, Luiz Davidovich e Helena B. Nader. Também participaram como palestrantes o Acadêmico e presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), Jorge Guimarães; o chefe de serviço de pesquisa da Academia Austríaca de Ciências, Bernhard Plunger; e a assistente de pesquisa do Instituto Internacional de Análise de Sistemas Aplicados (IIASA) Melissa Caldeira Brant.

O embaixador Marcondes deu início ao evento frisando o contínuo engajamento do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) em alcançar a comunidade científica brasileira na Áustria, Eslováquia e Eslovênia. “Com isso em mente, nós começamos a mapear a diáspora científica para que possamos identificar suas necessidades e seus potenciais”, declarou Marcondes. Segundo ele, o mapa será concluído em julho deste ano e, nessa ocasião, será organizado um evento de lançamento para o qual todos foram convidados. 

Durante o evento, ocorreu o lançamento de um site para conectar cientistas brasileiros da Europa Central, onde serão postadas notícias e oportunidades no campo da ciência, tecnologia e inovação nesses três países. “Como nós estamos confiantes que a mobilização da diáspora e sua conexão com os ecossistemas locais pode gerar benefícios para todas as partes, nós queremos fornecer uma plataforma onde todos os agentes de interesse possam se conectar e aprender uns com os outros. É por isso que estou muito feliz em anunciar o lançamento do site”, afirmou o embaixador. 

A pesquisadora Melissa Caldeira apresentou uma prévia da pesquisa de mapeamento da diáspora brasileira de CT&I no três países, com o intuito de “facilitar a criação de canais para aprimorar estratégias de colaboração da diáspora e mobilização de recursos financeiros, troca de experiência, tecnologia e conhecimento”. Segundo ela, a proposta da pesquisa é de, por meio do mapeamento, caracterizar a diáspora, conhecer seu histórico, estruturar suas redes e grupos, além de sugerir ações voltadas para essa diáspora, com base nos resultados e em experiências das diásporas brasileiras em outros países. 

Caldeira também citou as propostas para o site e suas redes sociais como um “canal de comunicação com e para os membros da diáspora científica brasileira, como um contato direto para a realização de pesquisas”, além da divulgação de iniciativas e oportunidades voltadas à comunidade de CT&I. Para atingir o maior público interessado possível, o grupo realizou pesquisas quantitativas e qualitativas em formato de questionário e entrevistas em profundidade, com o intuito de mapear as características dessa diáspora. A pesquisa será concluída em junho e estará disponível no site e nas redes sociais do Cientistas Brasileiros na Europa Central (CBREUC). 

O presidente da ABC, Luiz Davidovich, agradeceu a oportunidade de participar de um encontro com um propósito tão importante quanto o de estabelecer pontes científicas e intelectuais entre o Brasil e países da Europa Central. “É nosso objetivo dar suporte ao desenvolvimento da ciência brasileira e também à inovação, e temos trabalhado duro nessa direção”, declarou. Davidovich ressaltou a atuação da Embrapii nesse processo de mediação entre academias e empresas, apontando que o Brasil está entre as dez maiores economias do mundo – considerando seu poder aquisitivo -, mas ocupa a 62ª posição no índice de inovação, destacando a necessidade de “superar esse vale da morte que está entre a produção científica e a inovação, entre a ciência e o produto final”. 

O Acadêmico, pesquisador e presidente da Embrapii desde 2015, Jorge Guimarães, apresentou a organização e sua atuação no suporte à ciência, tecnologia e inovação, por meio do trabalho com os ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), da Saúde (MS) e da Educação (MEC); além da parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Segundo Guimarães, os objetivos da instituição são voltados para o apoio à indústria no desenvolvimento de tecnologias inovadoras; o reforço da competitividade de empresas nos mercados nacional e internacional; o foco em demandas de negócios; em oferecer modelos operacionais flexíveis, ágeis e não-burocráticos; o compartilhamento de riscos de investimento em inovação; e a atração de investimentos privados em inovação. 

Contando com 64 unidades distribuídas pelo país e apoio a cerca de 1.200 projetos, a Embrapii se constitui como um centro de excelência para a pesquisa, desenvolvimento e inovação, com objetivos tecnológicos muito bem definidos. “Possuimos um sistema de operação muito simples. A Embrapii fornece recursos com antecedência para que a unidade possa rapidamente contratar projetos com o setor industrial”, esclareceu o Acadêmico. Além disso, Guimarães também destacou a importância da empresa para a diáspora científica brasileira, pois a Embrapii recebe suporte financeiro para contratar pesquisadores brasileiros e estrangeiros qualificados. 

Sobre a diáspora, Davidovich frisou a necessidade de compreendê-la como um fenômeno que pode ser benéfico para o Brasil através das interações entre os países, pelo fortalecimento e a construção de novas pontes. Segundo ele, a ciência é uma empresa mundial que precisa de ótimos diplomatas, dentre os quais citou o embaixador Marcondes, para promover a chamada ‘diplomacia científica’. “A ciência tem esse caráter especial que atravessa muros políticos e promove o diálogo de cientistas através deles. E, no final, é a ciência que ajuda a remover esses muros de medo e a reunir pessoas de todo o mundo”, afirmou o presidente da ABC.

O presidente da ABC chamou atenção, ainda, para a importância da presença de outros países no encontro, como a Eslovênia e a Eslováquia. Além disso, manifestou interesse em ampliar a participação para outros países da Europa Central, com o propósito de fortalecer a ciência nacional e o diálogo entre pesquisadores. 

O chefe de serviço de pesquisa da Academia Austríaca de Ciências, Bernhard Plunger, apresentou a instituição, responsável pelo estímulo a jovens cientistas altamente qualificados e pela transmissão de conhecimento, com ênfase na pesquisa básica. Ele acrescentou que o Brasil e a Áustria possuem características extremamente diferentes, no que se refere tanto à ciência quanto a aspectos culturais e físicos; no entanto, destacou os desafios similares que ambos os países encaram, no que tange à diáspora científica. “O mundo aberto que temos hoje oferece muitas oportunidades para os nossos colegas em outros países, mas temos a esperança de que eles estejam interessados em voltar”, ressaltou Plunger.

O executivo frisou a importância que a Academia atribui à circulação de cérebros e à troca de conhecimento entre cientistas de diversos países, além de apresentar programas oferecidos pela instituição para pesquisadores estrangeiros na Áustria. Dentre eles, o Joint Excellence in Science and Humanities (Jesh), voltado para cientistas de qualquer nacionalidade que tenham completado seu doutorado nos últimos dez anos. O programa está com inscrições abertas até 20 de maio e contempla bolsa de acomodação, custos de viagem e subsistência. 

A vice-presidente da ABC, Helena Nader, concluiu o evento fazendo um agradecimento à Embaixada do Brasil na Áustria e ao embaixador Marcondes pelo evento e pela pesquisa de mapeamento da diáspora brasileira. “Nós trabalhamos no Brasil, e é por isso que eu gostaria de agradecer à embaixada, com ativismo pela educação, pela ciência, tecnologia e inovação. E para nós, é muito importante, porque infelizmente nós não temos a informação de quantos brasileiros, estudantes ou cientistas, vivem fora do país. Por isso, essa iniciativa será fantástica para planejar, em um cenário global, o prosseguimento na cooperação”, apontou Nader. 

Acesse aqui o site Cientistas Brasileiros na Europa Central.

Assista à transmissão do evento na íntegra.