Os fatos, boicotados e jogados ao mar, são resgatados e mantidos vivos por passageiros organizados (lembram-se do “consórcio de veículos da imprensa”, substituindo os números oficiais?). Incêndios e crimes ecológicos e étnicos se sucedem, e as responsabilidades são imputadas às vítimas, coroando a “verdade” das fake news. Guiado pelo comandante e sua fiel tripulação, o navio mira o olho da tempestade (ou será a borda da terra plana?).
“Eppur si muove!” (“mas ela se move!”), disse Galileu, baixinho, mantendo-se fiel à verdade, após ter sido forçado a negar sua teoria heliocentrista para escapar da fogueira da Inquisição. “Motim a bordo!”, ouço dos ainda lúcidos, não envenenados pelos discursos oficiais.
No Brasil estraçalhado pela pandemia, sabotado por quem deveria protegê-lo, é importante reconhecer as forças que impedem o naufrágio. A principal é esta entidade invisível, chamada SUS, que boicotou ordens superiores e deu a contraordem: “Às máscaras, cidadãos!” É do SUS que vem o principal grito de resistência, às custas dos que sucumbem tentando salvar vidas nos leitos de UTIs e enfermarias em improvisados hospitais de campanha.
(…)