Design: Sandra Frias

Leia a Mensagem do Presidente, que abre o relatório de Atividades da Academia Brasileira de Ciências 2019:

“O ano de 2019 foi marcado por forte luta pela valorização da ciência.

O novo governo, eleito no ano anterior, tomou posse e, já de início, vetou parcialmente a Lei de Fundos Patrimoniais, a serem formados por recursos privados e utilizados nas universidades brasileiras. Declarou que iria reduzir investimentos públicos para o ensino de ciências humanas, tendo sido citadas especialmente a sociologia e a filosofia. Já aí, vimos que o ano não seria fácil.

A seguir, o orçamento federal para investimentos em CT&I, como um todo, sofreu contingenciamento de 42,27% e tivemos, para o ano, o menor orçamento dos últimos 15 anos, desconsiderando qualquer correção monetária.

Como em toda a sua história, a Academia Brasileira de Ciências se mantém na defesa da educação de qualidade e do desenvolvimento científico e tecnológico do país. Assim, visa auxiliar na construção de um Estado que formule propostas de políticas públicas baseadas em evidência científica e atraia para si a responsabilidade principal do investimento em educação e na pesquisa em ciência básica, além do incentivo à inovação.

A ABC também sempre se apresentou como fonte de consultoria científica da sociedade brasileira, integrando Conselhos de organismos nacionais e internacionais. Exemplo disso foi a resposta que a ABC, em parceria com a Academia Nacional de Engenharia (ANE), deu ao Ministério de Minas e Energia (MME), à encomenda de um estudo sobre barragens de rejeitos da exploração mineral. O chamado do MME se deu menos de um mês após o rompimento de barragem em Brumadinho, no estado de Minas Gerais, o maior desastre ambiental e humano da mineração no Brasil. Realizamos um workshop distribuído entre o Rio de Janeiro e Belo Horizonte e entregamos um estudo definitivo sobre o assunto ao ministro, em tempo recorde, ainda no primeiro semestre do ano.

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A ABC realizou, em 2019, várias atividades, detalhadas neste relatório. A cooperação internacional envolveu grandes projetos no âmbito da Academia Mundial de Ciências (TWAS), Parceria Interacademias (IAP), Rede Interamericana de Academias de Ciências (Ianas), Conselho Internacional de Ciência (ISC) e da Global Young Academy (GYA), além das parcerias binacionais com a China e a Alemanha. Hospedamos a 2ª Reunião das Academias de Ciências do BRICS, uma reunião muito produtiva entre os cinco países, que está registrada neste relatório. Destacou-se a produção de declarações internacionais, nas quais membros da ABC tiveram protagonismo, tanto nas áreas de proteção a florestas tropicais, poluição do ar e saúde, como nas áreas de segurança nutricional e alimentar. A vice-presidente da ABC, Helena B. Nader, foi eleita co-presidente da Ianas, mostrando a relevância da ciência brasileira no continente americano.

Estamos muito felizes, também, com o constante crescimento da representatividade das mulheres entre os membros da ABC. Em 2019, a parceria com a L’Oréal e a Unesco para premiar projetos científicos conduzidos por mulheres chegou ao seu 14º ano, sem interrupções. Sediamos um encontro Brasil-Austrália voltado para a conscientização da importância da igualdade de oportunidades entre os gêneros. Participamos de uma reunião no âmbito da Rede Ianas, na Colômbia, onde levamos a experiência brasileira para todos os países da região.

Temos tido também a preocupação de mostrar o que a ciência brasileira tem feito pelo país, por meio de filmes de animação, realizados de forma a atrair a atenção do público geral e, especialmente, dos jovens. A série Ciência Gera Desenvolvimento conseguiu apoio para realizar três filmetes, sobre o físico nuclear Álvaro Alberto da Mota e Silva, o médico Marcos Luiz dos Mares Guia e o geógrafo Milton Santos, todos cientistas que muito contribuíram para catapultar a ciência brasileira para um patamar superior de reconhecimento internacional. A série foi iniciada em 2017, com um filmete sobre Johanna Döbereiner e sua importante contribuição para a agricultura brasileira.

Esse conjunto de atividades foi possível graças ao apoio e participação dos membros da ABC, cientistas e instituições associadas, além das entidades coirmãs no Brasil e no mundo, as quais estamos sempre nos associando para o avanço da ciência e, naturalmente, nossos principais financiadores, o Conselho Nacional para o Desenvolvimento Científico e Tecnológioo (CNPq), a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

A todos estes, o especial agradecimento da Diretoria da ABC.

Aproveitem a leitura.”


Leia o Relatório de Atividades da ABC 2019 aqui.