Leia matéria de Natália Cancian para a Folha de S. Paulo, publicada em 20/5:

A decisão por ampliar o uso de cloroquina também para pacientes com sintomas leves da Covid-19 foi precipitada por ocorrer sem evidências científicas sólidas e pode trazer riscos graves à saúde, avalia o secretário de ciência e tecnologia do Ministério da Saúde, o médico e biofísico Antônio Carlos Campos de Carvalho, que pediu demissão da pasta nesta semana.

À Folha, Carvalho afirma que pediu exoneração na segunda-feira (18), dois dias após a saída do ministro da Saúde Nelson Teich . O debate sobre a cloroquina, diz, colaborou para adiantar a saída.

“Não participei [da elaboração do documento] e nem participaria”, afirma. “No momento em que o ministro pede para sair e as coisas começam a se agravar, com interferência direta em decisões que não se baseavam em critérios científicos, não dava para continuar.”
Para ele, a ampliação do uso do medicamento para pacientes em estágio inicial da Covid pode trazer riscos e custos desnecessários ao sistema, “sem ter a certeza de que isso vai trazer benefício aos pacientes e com os riscos de eventos adversos muito graves”.
“Se induzir arritmia em um paciente propenso, isso pode levar inclusive a óbito”, diz.

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Para ele, as tentativas de interferência nas decisões da Saúde mostram que há uma politização profunda em torno do coronavírus, “e está faltando ciência”.

“Quando esse tipo de coisa acontece, fica impossível trabalhar. Se não interessa qual a opinião do ministério, a opinião do corpo técnico, é ‘eu quero porque quero’, torna-se impossível qualquer grau de racionalidade. É como o menino que pega bola na pelada e diz ‘acabou porque a bola é minha’.”

“Não tem médico que seja contra a cloroquina. O que queremos é ter evidência de que vai trazer benefício ao paciente”, diz.

Leia a matéria na íntegra na Folha de S. Paulo.