Leia a matéria de Gabriel Vasconcelos para o Valor Econômico, publicada em 14/04:

Cientistas reunidos em transmissão on-line organizada no fim da tarde desta terça-feira (14) pela Academia Brasileira de Ciências (ABC) expressaram preocupação com o aumento do desmatamento na Amazônia no último ano, porque a prática favorece o surgimento e a reativação de epidemias de zoonoses: doenças capazes de ser transmitidas entre animais e seres humanos que representam mais de 60% das enfermidades transmissíveis.

A covid-19 é uma zoonose com origem presumida na cidade chinesa de Wuhan e suspeita de transmissão do novo coronavírus entre morcegos, pangolins e seres humanos.

Presente no evento on-line, a ecóloga Mercedes Bustamante (UnB) destacou que a América do Sul, sobretudo o Brasil, e a África Central são as regiões do planeta mais suscetíveis de produzirem as próximas zoonoses emergentes, os chamados “hotspots”, segundo modelos de análise internacionais. A cientista afirma que o Brasil reúne as condições perfeitas para o surgimento dessas doenças, como grandes extensões de florestas verdes, fauna numerosa de mamíferos e intensos movimentos populacionais.

“Essa possibilidade existe, sim, e o risco é muito grande. Para além de questões já pontuadas [desmatamento], há problemas como o que foi o acidente de Mariana [ruptura de barragem]. Ainda não está descrito na literatura, mas a concomitância entre o acidente e a nova ocorrência da epidemia [de febre amarela] na região Sudeste torna plausível a tese de interferência”, disse.

Mercedes, da UnB, concordou que o fenômeno das zoonoses tende a se tornar mais comum caso o ritmo do desmatamento no Brasil não arrefeça, mas lembrou que ainda não se tem a perfeita noção de sua intensificação no mundo, devido ao desconhecimento dos efeitos do aquecimento global, que extingue ecossistemas e força o deslocamento de espécies em cuja população os vírus circulam, não raro pondo-lhes em contato com o outros hospedeiros, como o homem.

 

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