Como despertar o interesse das pessoas por questões científicas? Como construir uma empatia entre o cientista e o público? A tarefa não é fácil, mas não é impossível, conforme demonstrado na prática no segundo dia do workshop Habilidades para Comunicação e Liderança em um Mundo 5G, realizado em 10 e 11 de fevereiro durante o Fórum Mundial para Mulheres na Ciência – Brasil 2020, promovido pela ABC no Rio de Janeiro. O evento contou com a participação de dezenas de mulheres cientistas da Ásia, África, Europa e Américas.
A primeira palestrante do dia, a bióloga Mariana Fioravanti, especialista em mídias sociais, mostrou exemplos de iniciativas bem-sucedidas de divulgação científica em diversas mídias sociais e mostrou dados atuais que corroboram a importância de se produzir conteúdo adequado para celular, já que mais de 50% dos acessos às redes sociais vêm destes aparelhos.
Mariana observou que as pessoas não se envolvem tanto com ciência quanto com outras áreas, o que torna necessário buscar formas de construir uma empatia com o público. Ela recomenda que se experimente divulgar em várias mídias, desde o Facebook – a mais acessada, seguida pelo YouTube – até as chamadas “dark social”, como o What’s App e o Messenger, que não são visíveis publicamente, não sendo possível medir seu impacto.
“Não há fórmula pronta. É preciso criar hipóteses e testá-las. Assim funcionam as redes sociais”, disse.
Especialista em storytelling, a italiana Nerina Finetto deu um passo-a-passo para as participantes do workshop fazerem seus perfis nas redes: primeiro pensar “quem sou eu?”; depois, usar hashtags com palavras-chave das suas áreas de interesse – por exemplo, #storytelling – para descobrir sobre o que as pessoas estão falando; começar a conversação; fazer curadoria de conteúdos, comentando, positiva ou negativamente, aquilo que está divulgando; criar seu próprio conteúdo. No caso de perfis institucionais, saiba quem é, diga quem é, saiba quem quer atingir e por quê, quando, onde e como, tenha um plano claro, tenha uma orçamento para ele, se necessário mude o plano, garanta a qualidade do conteúdo.
E o que fazer como conteúdo? Nerina recomenda que se use a criatividade, seja em texto, vídeo, áudio ou tudo misturado. “Pense holisticamente, faça pesquisa sobre o público, peça ajuda, seja prático, cometa erros, avalie, aprenda com os outros, repense, recomece”, sugeriu.
Em seguida, as organizadores do workshop propuseram dois exercícios. No primeiro, cada pesquisadora deveria pensar numa pauta a ser apresentada a jornalistas em dois minutos, de forma a convencê-los que a sua pesquisa merece ser divulgada. As participantes deviam então apresentar as suas pautas de forma compreensível para as demais. Se elas entendessem, é porque atingiram o objetivo.
O segundo exercício era, em 20 minutos, planejar um post para qualquer mídia social, em qualquer formato. Uma participante fez um vídeo, outra um roteiro para vídeo, outras pensaram textos com imagens. Em comum, todas saíram com a sensação de que divulgar a sua própria ciência é, sim, um desafio ao seu alcance.
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