A diretora da ABC Márcia Barbosa durante o 4º Encontro de Jovens Cientistas do BRICS

Apesar da crescente presença das mulheres na ciência, ainda há um longo caminho a ser percorrido para alcançar a equidade de gênero dentro dos laboratórios. No dia 6 de novembro, durante a sessão plenária “Jovens mulheres na Ciência” do 4º Encontro de Jovens Cientistas do BRICS, a diretora da ABC Márcia Barbosa falou sobre os mitos que ainda permeiam o tema e como superá-los, em direção a uma ciência mais diversa.

Não há preconceito. As mulheres não têm ambição. As mulheres não gostam de ciência. É só uma questão de tempo. Esses foram os mitos abordados pela professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) durante sua apresentação.

Essas afirmações tentam explicar o fenômeno de afunilamento que ocorre ao longo da carreira das mulheres cientistas. Segundo informações de 2013 da Unesco, apresentadas por Barbosa, as mulheres representam, em média, 53% do total de formados nos níveis de graduação e mestrado. No doutorado, a porcentagem cai para 43% e chega a 28% quando se trata da atuação em pesquisa.

No entanto, a professora explicou que esses números não são resultado de falta de ambição ou desgosto pela ciência por parte das mulheres. Utilizando pesquisas acerca do tema, Barbosa mostrou que os obstáculos são outros, como os estereótipos de gênero e o machismo. “A ciência é neutra, mas os cientistas não”, ela apontou.

Um estudo publicado pela revista Science, em 2017, confirmou que os estereótipos de gênero sobre habilidade intelectual surgem cedo e influenciam os interesses das crianças. Outro estudo de caso, publicado pelo Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) em 2012, mostrou que, mesmo com currículos idênticos, os currículos dos homens eram mais bem avaliados do que os das mulheres.

A Acadêmica reforçou que a equidade de gênero na ciência precisa de muito mais do que tempo para se concretizar. Uma pesquisa sobre a distribuição de bolsas de produtividade em pesquisa de acordo com o sexo, realizada em 2013, relatou que de 2001 a 2015 as mulheres não saíram da casa decimal dos 30%.

Outro estudo de caso apresentado pela professora evidenciou que empresas que aumentaram a representação das mulheres, tiveram um aumento também na equidade, nas vendas e no capital investido. “Nós precisamos de uma ciência com diversidade, porque precisamos de uma ciência melhor”, afirmou Barbosa. Mas para isso, segundo a Acadêmica, é preciso consertar: os dados, as instituições e a ciência.

 

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