Foi na pesquisa acadêmica que Leandro Juen reencontrou sua curiosidade sobre insetos aquáticos, despertada ainda quando era criança ao se surpreender com a capacidade do Heteroptera aquático de se locomover tão rápido sob a água sem afundar. Hoje, graças ao seu trabalho de excelência, o biólogo integra o grupo de novos membros afiliados da Regional Norte da ABC, para o período de 2019 a 2023.

Natural de Santa Helena, no Paraná, Leandro passou sua infância em Nova Nazaré, uma pequena cidade no interior do Mato Grosso. Naquela época, as ciências já faziam parte de suas matérias favoritas, ainda dividindo espaço com a geografia, história, matemática e educação física. Quanto às brincadeiras, ele recorda: “Como não tínhamos muitos recursos financeiros e nem acesso à energia elétrica, tínhamos que criar nossos próprios brinquedos. Geralmente eram feitos com pedaços de frutos, de madeira, restos de calçados ou latas que se transformavam em carrinhos e animais”.

E para quem viveu cercado pela floresta, os rios, o cerrado e os animais, a escolha pelo curso de ciências biológicas na Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) foi muito natural. Leandro começou a fazer iniciação científica logo na segunda semana de aulas na Unemat. Ele explica que, além do entusiasmo, outro motivo para ter começado tão cedo foi a necessidade de se sustentar economicamente. “Os quatro anos de graduação, sempre foram dentro de laboratório e com bolsa de iniciação cientifica”, destaca o biólogo.

Já muito bem inserido nas atividades de pesquisa, após a graduação, Leandro fez o mestrado em entomologia na Universidade Federal de Viçosa (UFV), em Minas Gerais. Foi nesse período que o cientista começou a pesquisa sobre a distribuição das espécies de libélulas na Amazônia. Apesar da intenção inicial de trabalhar com o cerrado em Mato Grosso, seu orientador, o professor Paulo de Marco Júnior, o convenceu de estudar a Amazônia.

Apesar do desespero inicial de sair da zona de conforto e trabalhar com um bioma totalmente novo em sua trajetória, Leandro seguiu a mesma linha de pesquisa durante o doutorado em ecologia e evolução, concluído na Universidade Federal de Goiás (UFG).

Sobre sua formação acadêmica, ele não deixa de ressaltar a importância de seu orientador na pós-graduação e da professora Helena Soares Ramos, sua orientadora na graduação: “Os professores Helena Soares Ramos Cabette e Paulo De Marco Júnior foram e são essências na minha vida. Ambos são modelos de muitas coisas as quais acredito e busco ser, tanto na parte profissional como na minha vida pessoal”.

Seguindo os caminhos de sua pesquisa sobre a Amazônia, aos 38 anos, Leandro é professor no Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Pará (UFPA). Lá, tem trabalhado também para avaliar os padrões de distribuição das espécies aquáticas na Amazônia e os fatores que afetam essa distribuição.

Na parte mais aplicada, ele explica, seu trabalho tenta encontrar tipos de alteração ambiental que sejam menos danosos à biodiversidade, além de alternativas para minimizar os impactos resultantes das mudanças de uso do solo na biodiversidade.

Hoje, morador da região Norte, o cientista enxerga no título de membro de afiliado da ABC uma oportunidade para pautas importantes da região serem discutidas dentro da sociedade. “Em um momento tão importante, em que a pesquisa e o ensino no Brasil vem sendo tão contestados, a oportunidade de participar de uma entidade que tem como objetivo promover a ciência brasileira de qualidade é muito prazeroso e gratificante”, celebra o biólogo.