Fotos: Patrick Kunkel

O Encontro Lindau com Prêmios Nobel ocorreu durante cinco dias, no início de julho.  Foi uma oportunidade única para 580 jovens cientistas de 89 países, que conviveram e trocaram experiências com 39 ganhadores do Prêmio Nobel na cidade de Lindau, na Alemanha. O tema, este ano, foi a física.

A física Aline Ramires e a mestranda Marcela Lopes Alves foram as indicadas pela ABC para participar do 69º Encontro Lindau com Prêmios Nobel.

Ramires é graduada pela Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), com mestrado pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e doutorado pela Rutgers University. Ela atua na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), no Instituto de Física Teórica, coordenando o projeto intitulado “Novos métodos teóricos para o entendimento e optimização de fases emergentes da matéria em materiais complexos”, no qual coordena dois alunos de mestrado acadêmico e um doutorando.

Já Marcela Lopes Alves é mestranda em Computação Gráfica do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da Universidade de São Paulo, onde integra o Grupo de Computação Científica (SCG). Atualmente estagia no Interuniversity Microelectronics Centre, na Bélgica. Graduou-se em Ciência da Computação, com parte do curso realizado na Arizona State University.

Fellow da Bayer Foundations, Marcela explica que a física está entrelaçada à sua pesquisa de mestrado, por cobrir também o estudo de redes complexas. Ela conta que foram recebidas no evento pela Condessa Bettina Bernadotte, presidente do Conselho do Encontro Lindau, e pela ministra da Educação do governo alemão, Anja Karliczek.

Entre palestras, open talks, painéis de discussão, open exchanges, aulas magnas, apresentações de trabalhos, almoço com os laureados, cafés da manhã com parceiros, eventos de parceiros, café da manhã com ciência, eventos culturais e entretenimento, ela participou de caminhada científica com o Prof. John C. Matter, astrofísico do centro espacial Goddard da Nasa e co-ganhador do prêmio Nobel de Física 2006.

Marcela ainda foi convidada para um jantar promovido pela Bayer Foundation, no qual a fundação apresentou suas principais linhas de pesquisa e presentou os participantes com a ilustre oportunidade de jantar com prêmios Nobel. Após o evento, Alves foi convidada a visitar a sede do prestigiado Max Planck Institute em Munique e em seguida, foi para Gottingen com dois estudantes de doutorado, conhecer o Max Planck Institute of Dynamics and Self Organization.

Aline Ramires contou que uma ampla gama de temas em física foi coberta em palestras e plenárias, em formatos que estimulavam a participação dos jovens pesquisadores. Palestras com temas mais gerais, sobre como a ciência pode contribuir para um mundo melhor, por exemplo, também ocorreram.

O evento ofereceu inúmeras oportunidades de interação entre os participantes em situações informais, sendo todos eles brilhantes cientistas das diversas áreas da física e das diversas partes do mundo, e muito interessados em trocar ideias e experiências. A interação com os ganhadores do Nobel era organizada em caminhadas científicas e almoços especiais. Nestas oportunidades, pequenos grupos de participantes interagiam com cada um dos laureados. Aline participou de um a caminhada científica com o Prof. J. Michael Kosterlitz, recebedor do Nobel em Física 2016 por seu trabalho em aspectos topológicos das transições de fase. Ela ainda teve seu pôster entre os 30 selecionados para apresentação no evento.

A principal mensagem que ficou para Aline Ramires dessa vivência foi que a ciência realmente adquiriu um caráter global, dado que não é mais possível enfrentar os problemas da humanidade, como mudanças do clima, doenças infecciosas e novas fontes de energia, apenas em nível nacional. As soluções têm que ser encontradas de forma sustentável e colaborativa. E, ainda que a transparência nas pesquisas e a luta pela ciência aberta têm que ser prioridades, assim como a divulgação científica. “Se já fôssemos capazes de mostrar para a sociedade a importância e a beleza da ciência, possivelmente não estaríamos enfrentando cortes dramáticos nos recursos para pesquisa como está acontecendo nos últimos anos”, ponderou a física.