O novo membro afiliado da Regional Rio de Janeiro da Academia Brasileira de Ciências (ABC), para o período de 2019 a 2023, já pesquisou em instituições de excelência a nível mundial em sua área, como o Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e o Museu Nacional de História Natural, do Instituto Smithsonian, nos Estados Unidos. Hoje, aos 41 anos, Ricardo Moratelli Mendonça da Rocha dá continuidade à sua trajetória de sucesso como pesquisador na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Carioca, Ricardo passou sua infância e adolescência entre os bairros de Bangu e Senador Camará, na zona oeste do Rio. Ele lembra que ainda criança aprendeu com o pai a se encantar pela natureza: “O primeiro estímulo que recebi no campo das ciências naturais veio de meu pai, apreciador em especial dos animais. Ele é apaixonado por vida selvagem”.

Antes do pré-vestibular, queria ser atleta. Mas logo que ingressou no curso de ciências biológicas na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), em 1996, encontrou seu caminho na área. Já no segundo período de faculdade, realizou um estágio no Laboratório de Mastozoologia (área da zoologia em que se estuda mamíferos), sob a orientação do professor Adriano Lúcio Peracchi. Lá, deu início ao estudo dos animais que protagonizariam sua pesquisa acadêmica: os morcegos, e mais especificamente, sua citogenética (em genética, trata especialmente do estudo de cromossomos).

Ricardo destaca que o professor Peracchi foi seu principal influenciador na zoologia. “Dele também herdei o interesse pelo envolvimento em questões político-administrativas da universidade. Hoje, somos amigos e colaboradores e por ele ainda guardo muito respeito e carinho”, ele declara.

Nessa mesma época, foi co-orientado pelo professor Jorge Luís Azevedo de Armada, do Laboratório de Citogenética Animal. No mestrado, Armada seria novamente co-orientador de Ricardo, ao lado do orientador Adriano Peracchi.

Determinado em seguir a carreira acadêmica em zoologia, o cientista ingressou no mestrado em biologia animal na UFRRJ, em 2001. Após essa experiência, decidiu que queria ser taxonomista e fez o doutorado em ciências biológicas (zoologia) no Museu Nacional da UFRJ.

Durante o doutorado, Moratelli teve a oportunidade de visitar diversas coleções biológicas no Brasil e no exterior, como as do Museu Americano de História Natural e a do Museu Nacional de História Natural, ambas nos Estados Unidos. Em uma de suas viagens, conheceu o professor Don Wilson, um dos mastozoólogos mais influentes no cenário atual e que depois, em 2012, aceitou Ricardo para um programa de pós-doutorado no Smithsonian.

Como cientista, o novo afiliado da ABC atua na Fiocruz. Tendo dedicado a maior parte de sua vida acadêmica ao estudo da diversidade de morcegos neotropicais, Ricardo iniciou recentemente um projeto sobre a ecologia de zoonoses associadas a mamíferos na Mata Atlântica. A partir dessa área, ele tem trabalhado em duas linhas de pesquisa: sistemática zoológica, e biodiversidade e saúde.

Na linha de sistemática zoológica, tem investigado os limites taxonômicos, distribuições geográficas e relações evolutivas para diferentes tipos de morcegos, ainda pouco estudados. Ele explica que os dados coletados fomentarão robustas hipóteses de relações evolutivas e análises de limites genéticos entre espécies.

Em biodiversidade e saúde, tem pesquisado as relações biológicas entre morcegos, patógenos e ambiente, e os cenários ecológicos que poderiam favorecer a transferência de patógenos para humanos, levando à emergência e reemergência de doenças infecciosas e parasitárias.

Ricardo Moratelli destaca o que mais aprecia na ciência: “conhecer a riqueza de formas que a vida no planeta alcançou e como essa diversidade se articula em uma intricada rede, modelando-a”.

Ricardo Moratelli Mendonça da Rocha

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