Em resposta a uma publicação de 602 cientistas europeus e 2 organizações indígenas, que solicita o comércio sustentável entre Europa e Brasil, mais de 50 cientistas brasileiros elaboraram uma carta em apoio da iniciativa e em defesa da biodiversidade no Brasil.

Dentre os contribuidores da carta, estão os Acadêmicos Mercedes Bustamante, da Universidade de Brasília (UnB); Adalberto Val, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa); Carlos Joly, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp); José Marengo, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden); e Paulo Artaxo, da Universidade de São Paulo (USP).

Segundo os pesquisadores, a administração do Presidente Jair Bolsonaro está debilitando os avanços em conservação ambiental alcançados nas últimas décadas. Eles argumentam que o governo federal retirou a oferta para sediar a próxima Conference of the Parties on Climate Change, legalizaram pesticidas proibidos em outros países e desmantelaram agências de proteção ambiental.

Ainda assim, a maior ameaça até agora é um projeto de lei em discussão pelo Senado para eliminar o requerimento da Reserva Legal da Lei de Proteção da Vegetação Nativa de 2012.

Atualmente, com algumas exceções, as Reservas Legais são requeridas para manter a cobertura de vegetação nativa florestal e/ou não florestal em pelo menos 50 a 80% de todas as propriedades na Amazônia, 20 a 35% nas savanas do Cerrado e 20% nas regiões restantes. “Se aprovada, essa lei provavelmente provocará perdas de biodiversidade rápidas e irreparáveis no Brasil e comprometer os esforços de mitigação das mudanças climáticas”, os cientistas alertam.

Eles afirmam que as evidências científicas estão sendo “sistematicamente desconsideradas pelo grupo hegemônico detentora de poder no Brasil, com impactos catastróficos provavelmente duradouros sobre a biodiversidade e a sociedade”. E, por uma questão de segurança ambiental, é necessário um maior envolvimento entre cientistas e políticos para “demonstrar o papel das Reservas Legais em manter serviços ecossistêmicos essenciais que beneficiam os agricultores, a sociedade e a economia brasileira no longo prazo”.

Para ler a carta na íntegra, clique aqui.