Com a mãe ao lado, sentado no sofá, um garoto pequeno assiste TV. A programação é interrompida por uma propaganda sobre a síndrome da imunodeficiência adquiria, a Aids, na sigla em inglês. A doença tomava grandes proporções nos anos 80 e a mídia começava a alertar para os seus riscos. Atento e curioso, o garoto garante para a mãe: “Quando crescer, quero ser cientista, para poder curar doenças como essa e várias outras.” Foi assim, com menos de 1dez anos de idade, que Thiago Regis Longo Cesar da Paixão, pesquisador da Universidade de São Paulo (USP), afirmou que trabalharia fazendo ciência.
Primogênito de três irmãos, passou boa parte da infância sendo criado pelos avôs maternos, Ida e Miguel, na capital de São Paulo. Como muitos garotos da idade, adorava jogar futebol, brincadeira preferida nas horas livres. Mas Thiago era dessas crianças que não se contentam com explicações simples e buscava entender o porquê e como das coisas. Adorava observar insetos e, ainda na escola, suas maiores afinidades eram com as ciências exatas: química, física e matemática.
Às vésperas do vestibular, a escolha do curso não foi tarefa difícil. Chegado aos números, colocou química como a primeira opção de todas as universidades para as quais aplicou e se decidiu pela USP. Lá, entrou em contato com a área de química analítica, estudando o desenvolvimento de novos métodos de análise utilizando sensores eletroquímicos. “Minha preferência pela química analítica estava estabelecida de maneira irreversível. Além disso, o ambiente agradável e estimulante do laboratório, bem como os novos desafios do desenvolvimento de sensores eletroquímicos, me levaram a ingressar na pós-graduação para me aprofundar nessa área de pesquisa”, conta Thiago.
Após concluir o mestrado, Thiago, que já havia adquirido uma larga experiência na pesquisa de eletroanalítica, decidiu se dedicar ao estudo de quimiométricos. Nesse período, conseguiu notar que o conhecimento era muito pouco aplicado à área de eletroanalítica, sobre a qual já tinha muito conhecimento. Foi então que, após uma palestra, entrou em contato com o conceito de línguas eletrônicas e decidiu iniciar um projeto de pós-doutorado que alia sensores eletroquímicos e a discriminação de amostras de alimentos por meio da interpretação quimiométrica dos resultados extraídos por técnicas eletroanalíticas.
A pesquisa de Thiago Paixão lida, basicamente, com o desenvolvimento de sensores, que têm aplicações das mais diversas como diagnósticos em geral, ferramentas de combate ao terrorismo e de testagem da qualidade dos alimentos. Para Thiago, é esta capacidade de criar tecnologias que facilitam a vidas das pessoas que faz a ciência valer a pena. “É isso que me encanta na ciência. A possibilidade de melhorar a qualidade de vida.”