joly_2_edit.jpgCoordenador do Programa Biota da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o Acadêmico Carlos Alfredo Joly enviou carta aberta ao presidente Michel Temer em que manifesta apoio à iniciativa conjunta dos Ministérios da Defesa e do Meio Ambiente para ampliar a proteção às áreas marinhas e oceânicas sob jurisdição brasileira. O documento foi enviado no dia 8 de fevereiro.
Na carta, Joly ressalta que “é imperativo ampliarmos significativamente as áreas marinhas e oceânicas de proteção à biodiversidade e serviços ecossistêmicos”. Para o Acadêmico, a escolha do arquipélago de São Pedro e São Paulo, Cadeia de Montes Submarinos Vitória-Trindade e Arquipélagos de Trindade/Martim Vaz consistiu em um passo inicial “de fundamental importância” na expansão das Unidades de Conservação Marinhas no Brasil. Joly ressalta, no entanto, que novas áreas devem ser protegidas. Confira a carta abaixo:
Excelentíssimo Senhor Presidente,
Como Coordenador do Programa BIOTA/FAPESP, um Programa que a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo/FAPESP mantém há mais de 18 anos e é hoje uma referência internacional de qualidade de pesquisa na área de conservação, restauração e uso sustentável da biodiversidade brasileira, tomo a liberdade de escrever-lhe para manifestar meu total apoio à iniciativa conjunta dos Ministérios da Defesa e do Meio Ambiente para ampliar a proteção às áreas marinhas e oceânicas sob jurisdição brasileira. Como um dos cinco representantes da América Latina e Caribe no Painel Multidisciplinar de Experts da Plataforma Intergovernamental de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES), tenho participado ativamente das discussões internacionais sobre o tema. Durante a elaboração do Diagnóstico de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos das Américas, que será submetido à aprovação na 6a Plenária do IPBES de 17 a 24 de março de 2018 na cidade de Medelin/Colômbia, concluímos que é imperativo ampliarmos significativamente as áreas marinhas e oceânicas de proteção à biodiversidade e serviços ecossistêmicos.
Sem dúvida as 3 áreas escolhidas – arquipélago de São Pedro e São Paulo, Cadeia de Montes Submarinos Vitória-Trindade e Arquipélagos de Trindade/Martim Vaz – são um passo inicial de fundamental importância na expansão das Unidades de Conservação Marinhas, dada a importância biológica (vide artigo recentemente publicado pelo renomado periódico PlosOne e a forte pressão antrópica que vêm sofrendo, como a sobrepesca e a mineração.
Entendemos que esta proposta é o início de um processo de ampliação das UCs marinhas, que deve ter continuidade no futuro imediato com a inclusão de outras áreas, visando ampliar a representatividade de forma a cumprir integralmente os compromissos que o Brasil assumiu em Aichi.
Certo de contar com o apoio de Vossa Excelência para o sucesso desta iniciativa, já colocada para consulta púbica pelo ICMBio, subscrevo-me
Atenciosamente,
Carlos Alfredo Joly
*Coordenador do programa BIOTA/FAPESP Universidade Estadual de Campinas/Unicamp