No momento de retomada do crescimento, é crucial fazer convergir as ações no campo da ciência e tecnologia e da diplomacia brasileira para a construção de canais de relacionamento com os mais diferentes países. A declaração foi feita pelo ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab, nesta quinta-feira (28), na abertura do 1º Seminário sobre Diplomacia e Inovação Científica e Tecnológica, realizado pelo MCTIC em parceria com o Ministério das Relações Exteriores (MRE).
“Temos uma comunidade científica e de pesquisa e inovação com muito a mostrar. Produz-se muito em nosso país, pesquisa de ponta, com efetividade e valor real para a sociedade brasileira e também para o mundo”, disse o ministro.
Kassab também ressaltou que a ciência é internacional e tem necessidade de cooperação em numerosas áreas para que a inovação produza resultados. Reconheceu ainda os esforços da diplomacia brasileira para promover a internacionalização da ciência brasileira.
O ministro citou algumas iniciativas de cooperação internacional já empreendidas pelo MCTIC destacando que, na Espanha, garantiu o lançamento de um cabo submarino para o setor de telecomunicações. Em Portugal, o ministério fechou acordos para ampliar a pesquisa em oceanos, enquanto retomou o diálogo com a Argentina nas áreas de nanotecnologia, biotecnologia e inovação industrial e a troca de informações em pesquisas para enfrentar o vírus zika.
“A cooperação internacional tem caráter decisivo e poderá garantir a mobilidade de pesquisadores, as publicações em coautoria, as grandes infraestruturas de pesquisa e o gerenciamento da enorme quantidade de dados que os experimentos científicos têm produzido”, ressaltou Kassab.
Segundo ele, será criada uma comissão com representantes do MCTIC e do MRE para coordenar e aprimorar a atuação internacional do Brasil na área de ciência, tecnologia e inovação. “Esse esforço de coordenação terá condição de identificar problemas e soluções. Há bastante trabalho pela frente e há, sobretudo, ânimo e vontade política para encontrar os caminhos viáveis para o desenvolvimento.”
Colaboração
Para o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, existe um legado de estreita colaboração entre diplomacia e ciência e tecnologia no Brasil. Segundo ele, esse legado está estruturado no entendimento de que a pesquisa e o conhecimento produzido estão na base das transformações mundiais e na permanente observação do cenário internacional para orientar as políticas nacionais de pesquisa e desenvolvimento. Além disso, a cooperação entre ciência e diplomacia permite a compreensão de que a defesa das riquezas nacionais só pode ser promovida por meio do desenvolvimento da capacidade tecnológica do país.
Aloysio Nunes alertou que o Brasil enfrenta hoje o desafio de incrementar a sua competitividade para se inserir em uma economia internacional cada vez mais dinâmica. Para ele, sem uma ampla integração econômica, sem a inserção do país na economia internacional, a produtividade não se desenvolve e quem sofre é o consumidor. O ministro também defendeu uma ampliação das parcerias internacionais. Como exemplo, citou a Coreia do Sul e países do sudeste asiático, como Malásia, Cingapura e Vietnã. “Esses países fazem parte de um bloco que deverá ser a quinta maior economia do mundo em 2020. Eles estão inovando, se modernizando e estão ansiosos por aprofundar uma parceria com o Brasil e com a América do Sul.”
Marco
O presidente da Academia Brasileira de Ciências, Luiz Davidovich, defendeu que o seminário seja um novo marco para a política externa brasileira e para o desenvolvimento da ciência no país. Ele reforçou que a relação entre diplomacia e ciência embasa objetivos de política externa com aconselhamento científico, em questões como energia nuclear e clima, facilita a cooperação internacional e contribui para melhorar a relação entre os países.
Davidovich explicou que há problemas que requerem soluções globais, entre eles a segurança alimentar, o abastecimento de água e energia, o envelhecimento da população e as mudanças climáticas. “A comunidade científica colabora, além de fronteiras nacionais, em problemas de interesse comum, motivando alianças não tradicionais que podem ajudar na resolução de conflitos.”
O presidente da ABC também apontou os principais desafios para a ciência e a diplomacia do Brasil. “A Amazônia Legal tem uma riqueza fantástica em termo de biodiversidade. Essa região demanda um programa prioritário nacional. É preciso desenvolver tecnologia para fazer uma exploração sustentável da Amazônia mantendo a floresta em pé.”