A Academia Brasileira de Ciências (ABC) promoveu um simpósio sobre biodiversidade no Rio de Janeiro, nos dias 19, 20 e 21 de setembro. O evento foi uma preparação para um simpósio bilateral Brasil/França, que será realizado em Manaus, no início de 2018, envolvendo todos os países amazônicos: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela.
O simpósio preparatório, gratuito e aberto ao público, foi coordenado pelos Acadêmicos Adalberto Luis Val e Vivaldo Moura Neto.
Depois de uma palestra inaugural do biólogo norte-americano Thomas Lovejoy, em parceria com o Museu do Amanhã, no dia 19/9, o simpósio foi realizado nos dois dias seguintes na sede da ABC. No dia 20, foram abertos os trabalhos pelo presidente da ABC Luiz Davidovich e os dois coordenadores do evento.
800-mesa-abertura.jpg
Davidovich ressaltou a importância do tema “biodiversidade” para o Brasil, comparando-o ao tema “homem na Lua” para os norte-americanos. “Depois que os russos lançaram o Sputnik, deixando os americanos para trás, estes reagiram colocando o projeto ‘homem na Lua’ como prioridade nacional, modificando os livros texto do ensino básico e o perfil industrial do país”, apontou o presidente.
No Brasil, a biodiversidade deveria ser tratada como um grande projeto nacional, em sua avaliação. “Estive na Amazônia recentemente para um evento da ABC e aprendi que na floresta existe uma planta chamada Endopleura uchi, cujo caule e fruto amarelo [significado de ‘uxi’] contém uma substância chamada berginina, com potencial antioxidante e antimicrobiano, com altíssimo valor comercial”, relatou. A empresa farmacêutica Merck, segundo o palestrante, comercializa um miligrama de berginina por R$ 1 mil, enquanto o grama de ouro vale R$ 130. “Os chineses vendem por um terço do preço e nós, que temos a planta aqui, não temos tecnologia para extrair a substância”.
A riqueza da Amazônia é extrair os produtos da biodiversidade de forma sustentável, mantendo a floresta em pé. Segundo Davidovich, ele aprendeu isso com sua tia, a falecida Acadêmica Bertha Becker, uma das autoras do estudo estratégico da ABC “Amazônia: Desafio Brasileiro para o Século XXI”. Além da Amazônia, a exploração sustentável dos outros biomas brasileiros e do mar costeiro é uma atividade que pode transformar o futuro do Brasil.
Um dos coordenadores do evento, o Acadêmico Adalberto Val, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), apontou a multidisciplinaridade que o tema “biodiversidade” envolve. “Ela tem interface com a saúde, a economia, a inovação, a iniciativa privada, as políticas públicas e com as populações locais e a geração de renda”.
Val considera que a biodiversidade é um importante ferramental, que está sendo pouco utilizado para o desenvolvimento sustentável. “Os países megadiversos como o Brasil têm responsabilidade em usar da maneira adequada estes recursos”, destacou. Ele acrescentou que conta com os palestrantes convidados, ali presentes, para a elaboração de um documento final do evento, para dar subsídios ao encontro de 2018.
Após agradecimentos de Val a ele, o outro coordenador do evento, o Acadêmico Vivaldo Moura Neto, disse que sua contribuição ao evento foi mais relacionada aos aspectos que envolvem a biologia. “Se alguma coisa afeta a floresta, surgem várias doenças. Precisamos compreender isso melhor. Com esta perspectiva, reunimos os pesquisadores de excelência que aqui estão, e tenho certeza de que este evento vai gerar um bom documento”.
Veja a programação do evento e conheça os palestrantes.
Em breve, mais notícias sobre todas as sessões do evento.