A 1ª Conferência Internacional da Rede de Jovens Afiliados à Academia Mundial de Ciências (TYAN-TWAS, na sigla em inglês), no Rio de Janeiro, incluiu a participação de jovens cientistas do país que sediou a reunião e que não são afiliados à TYAN. Os bons resultados da iniciativa fez com que o Comitê Executivo (CE) decidisse adotá-la nas próximas edições da reunião.

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Integrante do Comitê Executivo da TYAN, a professora associada da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Patricia Zancan, avalia que a participação dos jovens afiliados da ABC foi uma decisão acertadíssima. “Sem dúvida, eles causaram uma excelente impressão nos participantes estrangeiros com seus trabalhos de altíssimo nível”, disse a organizadora.

twas_fim_6_edit.jpg Para a professora da UFRJ, até então, os pesquisadores que integram a Rede de Afiliados da TWAS nunca tinham tido um papel e uma função definida dentro da Academia Mundial de Ciências. “Eles eram convidados para as reuniões gerais da TWAS [Academia Mundial de Ciências], mas não havia comunicação, não havia elo entre eles”. Segundo Patricia Zancan, a conferência do Rio de Janeiro mudou essa realidade.

“Entre os que compareceram, a identificação como parte de um grupo foi palpável. O feedback que tivemos foi muito melhor do que esperávamos. Sem dúvida, alcançamos nosso objetivo de iniciar os contatos e promover as colaborações, o network tão desejado pelo Comitê Executivo da TYAN e pela TWAS”, avalia. “Os resultados serão sementes para mais ações e possibilidades”, destacou Zancan.

Professora associada do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) e ex-afiliada da ABC (2009-2013), Andrea de Camargo afirma ter sido poderoso e poético ver o potencial e o engajamento científico de jovens competentes e inovadores, das mais diversas partes do mundo, dispostos a enfrentar desafios globais em áreas como saúde, energia e clima. “Os países em desenvolvimento necessitam de irrestrito apoio para criar condições de trabalho que garantam o desenvolvimento científico tão necessário ao progresso da humanidade”, ressaltou a pesquisadora.

Para Andrea (de verde na foto abaixo), organizações como a TYAN/TWAS devem ser aclamadas, pois desempenham um papel fundamental promovendo a colaboração entre cientistas do mundo e a formação de uma massa crítica global e atuante, da qual o mundo todo se beneficiará. “Saí da conferência inspirada, com novas ideias e perspectivas e, por que não dizer, uma pessoa melhor. Não há fronteiras, cores ou credos que possam barrar a ciência”, afirmou.

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O que mais chamou a atenção do professor adjunto do Departamento de Física da Universidade Federal do Ceará (UFC) Andrey Chaves (afiliado da ABC no período 2017-2021) foi a interdisciplinaridade e a diversidade de culturas que ele encontrou na conferência. Para Chaves, o aprendizado ampliou suas perspectivas sobre a produção científica. “Fiquei feliz em perceber que algumas das pesquisas se dão em temas que, até então, não me pareciam fáceis de conectar com a minha área de estudo”, conta ele. Ele destacou sua surpresa positiva em perceber que é possível unir esforços de pesquisadores de diferentes áreas e diferentes culturas com um mesmo foco: identificar problemas comuns e propor soluções.

Também da UFC, o professor adjunto do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular e coordenador do programa de Pós-graduação em Bioquímica da instituição, Bruno Anderson Matias da Rocha (2015-2019) ressaltou que o encontro lhe deu a dimensão da luta de pesquisadores que, apesar dos governos de seus países, estão contribuindo para que a ciência na América Latina, na África e na Ásia evolua. “Muito bom fazer parte desta luta e constatar que ocasiões em que fronteiras são desfeitas e o respeito cultural prevalece, indicam o quanto queremos e devemos nos organizar em prol da ciência”, salientou.

Professor adjunto no Instituto de Química da Universidade de Brasília (IQ-UnB), Brenno Amaro da Silveira Neto (2014-2018) faz coro à fala do colega. Para ele, o evento da TYAN foi excelente para reforçar o quanto precisamos de incentivos financeiros para pesquisa. “Foi muito proveitoso ver que, mesmo frente às crises, sempre temos oportunidades. Então, desistir nunca e temer jamais”, afirmou.
Já Claudia Pinto Figueiredo (2015-2019), professora adjunta do Departamento de Biotecnologia Farmacêutica da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), diz ter saído do encontro com muito mais oxigênio para continuar lutando pelo ciência brasileira. “Vamos em frente!”

“Apesar da condições temerárias que os níveis de investimento em CT&I se encontram no Brasil, a onda movida por esses jovens pesquisadores não será facilmente rompida”. Essa é a avaliação do professor adjunto do Departamento de Química da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Félix Alexandre Antunes Soares (2016-2019). Para ele, o encontro comprovou a importância de que a ciência vise tanto ao desenvolvimento tecnológico como social das diferentes nações.

Convidada para apresentar o trabalho do seu grupo de pesquisa na sessão oral de membros afiliados da ABC “Top Science with Low Funding”, a professora adjunta da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Goiás (UFG) Carolina Horta, eleita membro afiliado da ABC para o período 2017 a 2021, avalia que a oportunidade de participar da conferência TYAN-TWAS demonstrou a ela e aos demais como os pesquisadores brasileiros conseguem “extrair leite de pedra”.

“Conseguimos fazer ciência de ponta num país em que a ciência simplesmente é deixada de lado”, frisa ela. Segundo Carolina, participar de um evento internacional como este da TYAN-TWAS fez com que ela e os demais cientistas pensassem “fora da caixa”, indo além dos horizontes, dos seus laboratórios, suas universidades, suas pesquisas. “Isto nos auxilia a ter uma visão macro da importância da ciência para o mundo, da importância do que fazemos para a vida das pessoas e para a paz mundial. Foi uma experiência única de estabelecer colaborações interdisciplinares, fazer novas amizades e aprender mais sobre as diferentes culturas do mundo”, diz ela.

A possibilidade de trocar ideias e experiências com pesquisadores da África foi o ponto alto do encontro para o professor adjunto do Departamento de Ciência da Computação do Instituto de Matemática da UFRJ (DCC/IM/UFRJ) Daniel Menasché (2016-2020). “São cientistas que em geral não estão muito representados em outros fóruns nos quais tenho participado”, ressaltou.

twas_poster2_2__edit.jpgProfessora adjunta do Departamento de Fisiologia e Farmacologia da UFC, Raquel Montenegro (2013-2017) concorda com a percepção do colega. Para ela, foi particularmente proveitoso estabelecer perspectivas de colaborações com pesquisadores da Malásia, África do Sul e Turquia. “Foram trocas que eu não achava possíveis. Deveríamos ter mais eventos dessa natureza e divulgar para os nossos colegas”, avalia Raquel.

Coordenador do Laboratório de Microscopia Avançada (LMA) do Departamento de Física da UFC, Eduardo Bedê Barros (2013-2017) aposta na ampliação da rede de contato entre pesquisadores da sua área, após ter participado do encontro. “Essa interação tem a capacidade fomentar a formação de redes de colaboração intercontinentais, unindo os esforços científicos de variados países em torno dos problemas mais sérios que assolam nossa sociedade”, salientou.

O físico se disse impressionado com a fluidez com a qual pessoas de culturas tão díspares e histórias de vida tão diferentes dialogaram sobre questões políticas e científicas que afetam as pessoas em escala global. “Essa observação reforçou minha convicção de que a ciência cria um ambiente propício para o estabelecimento de relações e conexões não somente científicas, mas também políticas e diplomáticas”, afirmou.

Professora adjunta do Instituto de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Raquel Giulian (2015-2019) destacou a oportunidade de discutir om pesquisadores jovens de todos os continentes soluções para problemas fundamentais, como energia. “Fico muito orgulhosa de fazer parte da Academia Brasileira de Ciências e participar de eventos como esse”, frisou.

Para o professor adjunto do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho da UFRJ Leonardo Travassos (2015-2019), o evento da TYAN mostrou com clareza o imenso potencial da ciência como fator capaz de romper barreiras e aproximar povos de diferentes culturas. “Espero que outros eventos como este sejam organizados e que avancemos cada vez mais na discussão dos diferentes temas discutidos aqui no Rio”, disse.

Giovanni Finoto Caramori (2017-2021), professor adjunto do Departamento de Química da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), classificou a conferência como um evento único. “Tivemos uma experiência ímpar de estabelecer contatos e compartilhar olhares de pesquisadores das mais diversas áreas do conhecimento humano e das mais variadas regiões do globo”, avaliou.

Professor adjunto do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Gustavo Menezes vai além. Segundo ele, o encontro trouxe a certeza que a ciência é de fato a linguagem universal. “Foi enriquecedor perceber que, embora às vezes bata uma solidão de ser cientista, há colegas em vários lugares do mundo fazendo pesquisa de alta qualidade. E muitos em situações bem mais difíceis do que a do Brasil”, diz.

twas_yraima_edit.jpg Para a ex-afiliada da TWAS (período 2010-2014) e da ABC (2008-2012), a professora associada do Departamento de Biotecnologia Farmacêutica da Faculdade de Farmácia da UFRJ, Yraima Cordeiro, o encontro revelou que, apesar das diferenças geográficas e sócio-culturais, os cientistas têm uma interseção inequívoca: a paixão pela ciência.

“Ainda ficou claro como fazemos ciência de qualidade no Brasil e com recursos atualmente tão limitados. Foi emocionante participar deste evento representando nosso país, tão maltratado no cenário atual”, arrematou.