O projeto Clubes de Ciência foi realizado, com sucesso, nos últimos três anos em diferentes países da América Latina: México, Colômbia, Bolívia e Paraguai. Seu foco é “trabalhar na certeza de que é possível fazer ciência de alta qualidade e estimular o pensamento crítico, inovador e empreendedor no Brasil.”


Além da parte prática, diversos palestrantes conversaram com o grupo sobre temas como programas de iniciação científica júnior para estudantes de ensino médio interessados em pesquisa; escolha de carreira; pesquisa em neurociências, neurobioquímica, física de sistemas biológicos, epidemiologia, doenças transmissíveis, doenças crônicas, propriedade intelectual, transferência de tecnologia e inovação, entre outros tópicos de interesse.
Relatos pessoais comovidos

Para os alunos de pós-graduação que participaram como monitores dos clubes, a experiência também foi extremamente positiva e motivadora, de acordo com Fabíola. “Eles comentaram sobre a eficácia da atividade sobre o desenvolvimento de suas capacidades, tanto no aspecto didático como no científico” disse. Em sua avaliação, iniciativas como essa devem ser cada vez mais estimuladas. “A experiência incentiva jovens estudantes a compreender e desenvolver ciência, além de promover a divulgação científica, que é um fator crucial para o desenvolvimento do nosso país.”

Ela ressaltou como a parte mais gratificante de toda essa experiência, que a estimula a continuar organizando o evento por muito mais anos, é que apesar do trabalho voluntário, o retorno pessoal tem valor imensurável. “Passar uma semana com 80 jovens com média de idade entre 16 e 17 anos, vindos de diferentes regiões do Brasil, foi muito inspirador. Ver que eles têm a garra de fazer a diferença, representando a ciência nacional, me encheu de orgulho. Para o futuro, esperamos continuar estimulando mais e mais jovens a buscar os seus sonhos e continuar acreditando que é possível fazer ciência de qualidade em qualquer lugar do mundo”, declarou Paulsen.
A semana teve sua culminância com a apresentação dos projetos desenvolvidos nos Clubes, na chamada Feira de Ideias.
Hábitos sexuais dos jovens brasileiros

O grupo elaborou, então, um formulário para os 80 jovens participantes dos Clubes para avaliar o comportamento deste grupo. Dos 74 respondentes, 32 tinham vida sexual ativa. Dentre estes, 41,9% não utilizaram preservativo na última relação sexual e um número maior utilizou outro método contraceptivo. O grupo de Julia concluiu que os jovens estão mais preocupados em evitar gravidez do que com doenças sexualmente transmissíveis (DST). Compararam estes dados com os do IBGE em 2015 e a correlação era positiva, ou seja, fazia sentido generalizar as respostas obtidas na amostra.
“Essa experiência foi muito importante para abrir minha mente para a ciência. Estou no 3º ano e só faço estudar para o Enem e não tenho tempo para pensar no que eu realmente quero. E aqui eu vi que quero seguir na ciência: não sei ainda se em ciências biológicas, farmácia ou biomedicina.”
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Para ele, a experiência nos Clubes de Ciência foi surpreendente. “Foi muito mais prático do que teórico, gerou uma interação forte entre os participantes. Acho que deve ser mais divulgado. Eu vim de São Paulo e acho que valeu muito a pena.”
Presos mais bem cuidados quanto a tuberculose

Lais explicou que no século XIX acreditava-se que a transmissão da tuberculose era hereditária, já que mães doentes tinham filhos doentes. “Quando chegaram os imigrantes europeus no Brasil e contaram que quem era tuberculoso lá eram poetas, artistas, a doença foi glamourizada.”, contou. Houve então a descoberta do bacilo Koch e do fato de a transmissão da doença infecciosa se dar por via aérea. “Descobriu-se que quando as pessoas falam, tossem ou espirram expelem os bacilos, que contaminam outras pessoas.”
Nas PPL [populações privadas de liberdade] as causas dos índices mais altos se dão por três fatores determinantes: a fragilidade no atendimento ao paciente, as condições sanitárias precárias com aglomeração e o desconhecimento sobre a transmissão da tuberculose. E atingem principalmente os homens, concentrados na região Sudeste.
Para enfrentar a doença, o grupo TB Reach, programa ligado ao Stop TB Partnership da Organização Mundial da Saúde (OMS), começou a atuar nos presídios e conseguiu reduzir em 35% a contaminação. “Eles trabalham com os agentes penitenciários, para que fiquem atentos a quem estiver tossindo por mais de duas semanas e aos portadores de HIV, que são mais suscetíveis”, contou Giovana. “E lidam também diretamente com as populações, para explicar porque eles têm que continuar o tratamento por oito meses a um ano, mesmo os sintomas tendo desaparecido: as bactérias mais frágeis morrem e as resistentes vão sobreviver e proliferar, podendo causar a morte. O SUS disponibiliza o medicamento de graça e estimula pesquisas para desenvolver remédios mais eficazes”, relatou Lucio.
Laís reportou que a experiência nos Clube de Ciência a fez perceber que ciência não se faz só nos laboratórios. “Trabalhamos com questões reais e os professores nos mostraram que não só nós podemos fazer ciência, como cada um de nós pode fazer a diferença.” Lucio contou que faz curso técnico de química e que sempre quis trabalhar com ciência, mas não tinha muita ideia de como e o que fazer. “Com o Clube de Ciências isso se tornou mais palpável, consegui visualizar o caminho que quero seguir.” Já Giovana disse achou a UFMG o máximo. “Eu tenho alguns projetos sociais na minha cidade, que é muito pequena, e não me sentia acolhida por esse mundo de desigualdades, me sentia de outro planeta. Aqui conheci pessoas como eu, que querem mudar as coisas e vi que pela ciência é possível melhorar a sociedade, isso é o que move essas pessoas que estão aqui, é o entusiasmo, e descobri posso canalizar o meu para as áreas científicas.”
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