Um diferencial para transformar ciência em tecnologia. Esse é, para Evaldo Ferreira Vilela, Acadêmico e presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), o benefício que as startups trazem para a inovação no Brasil. O Acadêmico debateu este e outros aspectos desta forma de empreendimento na palestra intitulada “Sistemas de inovação e startups: Geração e transferência de tecnologia”, proferida durante a 69ª Reunião Anual da SBPC em Belo Horizonte, MG.
vilela_lateral.jpgVilela lembrou que o país tem uma cultura de pouca inovação. A economia ainda é baseada no agronegócio e sofre prejuízos pela falta de algumas tecnologias como, por exemplo, o encapsulamento do café. “O Brasil exporta R$7 milhões em café para a Itália e depois compra de volta as cápsulas por cerca de R$36 milhões. É uma tecnologia simples e temos pessoas capacitadas para fazê-la em território nacional”, defendeu.
O Acadêmico atribuiu a falta de investimento em inovação à pouca importância que o governo dá às pautas relacionadas a pesquisa e à falta de comunicação dos cientistas com a sociedade. “As pessoas não entendem de ciência e nós somos péssimos em explicar. Todos adoram cientistas, mas não conhecem a ciência que é feita no Brasil”, comentou.
Vilela ressaltou que o estado de Minas Gerais é um dos que mais investe em startups no país e vê isso como um traço positivo, porque facilita o deslocamento do conhecimento de laboratório para o mercado: “Publicar em revistas de renome é muito bom para nós, mas o que importa no nosso trabalho é gerar benefícios para a sociedade”, defendeu o Acadêmico.
Evaldo explicou que a Fapemig se dedicou à criação de projetos que tentam estreitar as relações entre mercado e pesquisa. Citou como exemplos o Sistema Mineiro de Inovação (SIMI), que já completa dez anos; o SIMInove, programa de divulgação de empreendimento e startups, por meio de palestras; o Lemonade, voltado para descoberta de novos talentos; o Seed, um dos maiores programas voltados para financiamento público de startups e o FIEMG Lab, que seleciona projetos já encaminhados.
A cultura do empresariado no Brasil é de que cada gestor tenha apenas uma empresa em seu nome, o que é um risco para o empreendedor caso esse negócio desencaminhe ou vá à falência, como explicou Vilela. O FIEMG Lab surge como uma alternativa para os empresários que querem estender seus negócios e ter uma alternativa de empreendimento. Para ele, a recepção do mercado em relação às startups devem levar em conta que elas não funcionam como um tipo diferente de empresa, mas sim como uma nova cultura, que pode servir de alternativa em um momento onde os cargos estáveis apresentam grande risco.