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Em cerimônia realizada no dia 30 de maio, na Universitá di Napoli Federico II, Itália, o Acadêmico Renato Machado Cotta recebeu o prêmio Hartnett-Irvine, do International Center for Heat and Mass Transfer (ICHMT). A premiação é conferida anualmente ao melhor trabalho publicado pelo ICHMT, que congrega pesquisadores e instituições de todo o mundo na área de ciências térmica. É a segunda vez que Cotta recebe a honraria: a primeira foi em 2009.
Professor titular da Escola Politécnica e do Instituto de pós-graduação e pesquisa da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ) e assessor da Diretoria de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha (DGDNTM), Cotta foi agraciado nesta edição do prêmio pelo trabalho de título “Experimental-theoretical analysis of conjugated heat transfer in aeronautical sensors and structures with anti-icing systems”. O estudo tem também como autores José Roberto Brito de Souza, Kleber M. Lisboa e Ali B. Allayarzadeh, que são pesquisadores da Coppe/UFRJ, assim como Juliana Loureiro (membro afiliado da ABC 2011-2015), Carolina Naveira Cotta (membro afiliado da ABC 2015-2019) e Átila Silva Freire, docentes do instituto.
O trabalho da equipe refere-se à análise dos chamados tubos de Pitot, instrumentos para medidas de velocidade em aeronaves, que devem ser protegidos por um sistema de aquecimento, projetado para não permitir seu congelamento durante o voo. As pesquisas desenvolvidas incluíram o projeto e construção do primeiro túnel de vento de formação de gelo do Brasil, instalado no Núcleo Interdisciplinar de Dinâmica dos Fluidos (NIDF), da Coppe/UFRJ. A partir dele, foi possível estudar o desempenho de tubos de Pitot comerciais e validar códigos computacionais desenvolvidos no NIDF para emprego na previsão do comportamento térmico em condições ainda mais severas, em situações hipotéticas de voo, que não podem ser reproduzidas em túneis de vento.
O estudo teve também a colaboração da Marinha do Brasil, através de ensaios em voo com a aeronave Skyhawk A4, na Base Naval de São Pedro dAldeia, no Rio de Janeiro, para complementar a validação dos modelos matemáticos do sistema anti-congelamento do sensor.
A pesquisa foi iniciada em 2009, com financiamento da Faperj, meses após o acidente do voo da Air France AF447, que fazia o trecho Rio-Paris em 31 de maio daquele ano. A sequência acidental que levou à tragédia que vitimou 228 pessoas, só ocorreu por conta do congelamento indevido em voo dos sensores Pitot que equipavam o Airbus A330. Nesse voo estavam a filha e genro de Renato Cotta, Bianca e Carlos Eduardo, que viajavam para sua lua de mel na Itália, logo após o casamento.
O trabalho do professor e equipe é dedicado às famílias das vítimas do voo AF447 e foi uma etapa muito importante à sua própria recuperação psicológica. Coincidentemente, o recebimento do prêmio ocorre na mesma data, oito anos após o trágico acidente, o que realçou ainda mais a emoção do pesquisador.