Para Fernando Dini Andreote, novo membro afiliado da ABC no período de 2016 a 2020, o fascínio pela ciência começou cedo. Ainda pequeno, gostava de histórias relacionadas à astronomia, de usar o microscópio para enxergar o invisível e de entender o que lhe era ainda desconhecido. Sua infância foi simples, entre amigos e familiares. Relembra, saudoso, o sítio dos avós, no distrito de Artemis, no interior de São Paulo, onde brincava com os amigos e irmãos, de quem sentia muita falta quando passou a frequentar a escola.

Nascido na cidade de Piracicaba, guarda lembranças dos finais de semana, quando a família se reunia para comprar materiais e instalar cortinas que a mãe, costureira, produzia. Primogênito, tem um casal de irmãos mais novos. Mais tarde, ganhou ainda uma “irmã do coração”, como a chama, de um segundo casamento do pai.

A decisão por seguir na área de engenharia agronômica surgiu como o resultado de um conjunto de fatores na vida de Fernando. Sabendo que não poderia tentar o vestibular por duas vezes devido aos custos de um segundo ano de curso pré-vestibular, se decidiu pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo (ESALQ/USP). Lá sabia que encontraria um ensino de excelência, uma linha de estudo voltada ao preparo para a carreira acadêmica e o Centro de Estudos em Genética da instituição, de grande relevância.

O envolvimento com o universo acadêmico começou o mais cedo possível. Assim que entrou na universidade, começou um estágio na área de genética de microrganismos. Teve a orientação dos professores João Lúcio de Azevedo e Welington Luiz de Araújo e a oportunidade de passar um período estudando na Holanda. Enquanto cursava o doutorado, na mesma instituição, teve mais contato com os desafios e responsabilidades da vida acadêmica. “Esta etapa exigiu de mim uma maior independência científica, o que veio a me mostrar o outro lado da ciência, as dificuldades. Tanto metodologicamente como na parte de divulgação e publicações, serviu como amadurecimento de minha vocação, conta.

Foi nesta época que Andreote passou a ter um contato maior e direto com seu tema de pesquisa, que se concentra nos organismos presentes no solo e que têm influência direta nos ecossistemas naturais. Dessa forma, seu estudo busca entender esses processos e encontrar meios para aplicação em técnicas de agricultura que sejam sustentáveis.

Para ele, a ciência é a “arte de pensar, de criar possibilidades face ao desconhecido, sendo a única diferença que temos da grande maioria das espécies”. A afinidade com o estudo dos solos vem do fato de ser algo tão próximo a nós, conta. “Nosso corpo, nosso alimento e os mais diversos ambientes são amplamente colonizados por microrganismos, e conhecer este universo pode melhorar nossa vida nos mais diversos aspectos”, entusiasma-se o Acadêmico.

Andreote espera que o título recém recebido da ABC seja uma oportunidade para desenvolver cada vez mais projetos de pesquisa e traz, em sua visão, uma grande responsabilidade.