Professor do Instituto de Biologia da Unicamp, Daniel Martins de Souza não enveredou pela ciência desde cedo. “Quando parei para pensar na carreira, percebi que gostava de ensinar, organizar, mostrar as coisas de maneira didática. Decidi então ser professor. Escolhi fazer biologia simplesmente por ser a disciplina que mais gostava”, conta.

Filho único de um empresário autônomo e mãe publicitária, Daniel passou uma infância alegre em Santo André, no ABC Paulista, onde nasceu, preenchida por amigos, brincadeiras e carrinhos de rolimã. Na escola, as matérias preferidas eram história e ciências, já dando pistas do que viria futuramente. Na adolescência, foi baterista de uma banda de rock.

Desde o primeiro ano de faculdade, Daniel já se envolveu com a pesquisa por meio de uma iniciação científica e no segundo ano já tinha certeza: seria professor da Unicamp. Durante o projeto foi orientado por Marcus Smolka, aluno de seu orientador José Camillo Novello. No pós-doutorado, foi orientado por Emmanuel Dias-Neto, hoje pesquisador no Hospital Oncológico A. C. Camargo, em São Paulo, a quem Daniel descreve como “o mais brilhante e humilde cientista que já conheceu”. A influência destes mentores e a participação na liderança atlética da faculdade tornaram sua experiência acadêmica “tão marcante quanto o próprio curso, que amava fazer”, ele conta.

Atualmente, o grupo de Daniel estuda os aspectos moleculares de doenças psiquiátricas, como esquizofrenia e depressão. Além de tentarem desvendar quais proteínas são produzidas no cérebro dos pacientes e causam estas doenças, buscam também identificar proteínas no sangue dos pacientes que possam indicar qual é o melhor remédio para cada um.

Sua motivação para se dedicar à ciência pode, segundo ele, ser resumida em uma frase do geneticista norte-americano Francis Collins, diretor do projeto Genoma Humano:”Para um cientista ao qual às vezes é dado o privilégio de descobrir algo, existe um tipo especial de alegria: tendo percebido um vislumbre de verdade científica, experimenta-se uma sensação de satisfação e desejo de compreender uma verdade ainda maior. Num momento assim, a ciência transporta o cientista a uma experiência que desafia uma explicação naturalista.”

Daniel atribui o título como membro afiliado da ABC (2017-2021) ao resultado de muito trabalho e, principalmente, de um esforço de equipe profissional e pessoal, reconhecendo o apoio tanto dos companheiros de pesquisa quanto da mãe e da esposa, a quem dedica a titulação. Ele vê a carreira como um serviço à sociedade. “Quero ser útil para a humanidade, mesmo que com uma pequena contribuição”, esclarece.