No dia 1º de dezembro, a Academia Brasileira de Ciências (ABC) promoveu, em parceria com o Núcleo em Ecologia e Desenvolvimento Ambiental de Macaé da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Nupem/UFRJ), o Fórum NUPEM +22: Pesquisa, Ensino e Sociedade em Macaé.
O evento foi iniciado com o agradecimento do diretor do NUPEM/UFRJ, professor Rodrigo Nunes da Fonseca, que agradeceu ao público presente, composto principalmente por docentes, técnicos e alunos da UFRJ. Discorrendo sobre a atual crise de valores éticos e morais, o professor Rodrigo afirmou, de forma categórica, que o corpo social do NUPEM trabalhará de forma incansável por uma universidade de qualidade: “O que queremos para a UFRJ? Propor, sonhar e ousar. Devemos ousar e trabalhar juntos pela universidade. Por mais problemas que tenhamos, hoje é um dia de celebração e reflexão” – em referência aos 22 anos a presença do NUPEM/UFRJ em Macaé.
Em seguida, a professora da UFRJ e vice-presidente regional da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Lucia Previato, representando o presidente da ABC, Luiz Davidovich, agradeceu o convite para participar do Fórum e relembrou seu ingresso na universidade e as lutas pela democracia e contra a ditadura militar, a partir de 1968: “Foram tempos difíceis, por isso devemos sempre ter esperança e lutar por um país melhor. E esta luta começa com educação de qualidade”. A diretora do campus UFRJ-Macaé, professora Arlene Gaspar, igualmente relembrou as dificuldades e as lutas enfrentadas pelas universidades ao longo de sua história: “É lutando que vamos vencer e este evento atua justamente neste sentido: unindo as três categorias – docentes, técnicos e estudante – na luta”.
O auditório lotado para o evento. Na primeira fileira, ao fundo, a vice-presidente regional da ABC, Lucia Previato, ao lado do reitor da UFRJ, Roberto Leher
Vanderlan Bolzani, professora da Unesp, membro da Academia Brasileira de Ciências e vice-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência proferiu a palestra “Tendências Futuras da pesquisa no Brasil”, apontando os recentes retrocessos que considera sem precedentes na história do país e ressaltando a pesquisa como pilar do desenvolvimento de uma nação: “Sem pesquisa não há futuro. Países com economia desenvolvida possuem forte atividade em pesquisa, desenvolvimento e inovação. Precisamos dar a devida importância ao conhecimento em todas as etapas do desenvolvimento humano para podermos pensar em um mundo verdadeiramente sustentável. Nossas fragilidades do passado repercutem no futuro. Se queremos desenvolvimento, necessitamos de universidades robustas, empreendedoras e inovadoras com produção de conhecimento de excelência. A única ferramenta que leva um país a sair da crise rapidamente é o investimento em pesquisa”.
Vanderlan Bolzani
O reitor da UFRJ, professor Roberto Leher, refletiu, ao longo de sua exposição, sobre o lugar da universidade no Estado, o processo histórico de esvaziamento e os esforços para a sobrevivência da mesma, destacando o Fórum NUPEM/UFRJ +22 como um momento importante sobre as preocupações e reflexões que envolvem o Campus Macaé. Leher afirmou ser imprescindível concluir mudanças estatutárias para que o campus possa ter um melhor posicionamento na estrutura acadêmica da UFRJ e ter um funcionamento distinto e dotado de maior qualidade. Ele relembrou a atual crise de valores e financeira, destacando mudanças recentes do cenário político e social e propostas que colocam em xeque a própria existência da ideia de universidade, como a PEC55 que tramita no Senado Federal: “Temos que canalizar o melhor da nossa energia para seguirmos em defesa da universidade pública, gratuita e de qualidade”.
O reitor respondeu ainda às indagações feitas por alunos da UFRJ sobre a necessidade da universidade proporcionar meios reais que garantam a permanência dos alunos na instituição, tais como alimentação e moradia na cidade de Macaé. A estas perguntas, Leher respondeu que esforços estão sendo realizados para que o estrangulamento financeiro da UFRJ não impeça o atendimento a estas necessidades. Em relação à moradia, Leher afirma que está em curso a resolução de problemas jurídicos para que a prefeitura de Macaé, por solicitação da UFRJ, possa alugar imóveis desativados que sirvam para acomodar os estudantes de maneira mais célere.
Quanto à alimentação, o reitor ressaltou a necessidade de um novo termo de referência para providenciar o fornecimento de refeições prontas. O reitor afirmou que há ainda a possibilidade de utilizar a cozinha do Pólo Ajuda para elaborar as refeições. Os estudos para adoção destas medidas estão em andamento e haverá no dia 19 de dezembro de 2016 uma reunião com os alunos para definição do calendário de ações.