Na época do vestibular, são comuns os relatos de quem escolheu um curso sem muita afinidade, por estar em dúvida ou para experimentar algo novo, mas Raquel Giulian, membro afiliado da Academia Brasileira de Ciências (ABC) entre 2015 e 2019, acabou optando pela faculdade de física para ser “do contra”.”Eu ouvia muito meus colegas falarem que odiavam física, que é muito difícil”, recorda Giulian. “Eu não sabia bem o que era física, tinha alguma noção do conteúdo, mas não o suficiente para decidir seguir essa profissão”, conta a pós-doutora que, no vestibular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), foi melhor em matemática, biologia e português do que em física.

Dez em tudo
A matéria de que Raquel Giulian gostava de fato na escola era matemática. E não se pode dizer que fosse uma aluna medíocre. Na quarta série, ganhou uma bicicleta do pai por tirar nota 10 em todas as disciplinas.
Nascida em Antônio Prado, cidade com 12 mil habitantes na Serra Gaúcha, a 180 km da capital Porto Alegre, durante a infância se divertia roubando bergamota (mexerica, tangerina) no pomar da vizinha, andando de bicicleta e brincando de boneca.
Raquel era a caçula de três irmãos. Os dois rapazes são 13 e dez anos mais velhos do que ela. Seu pai, já falecido, era contador em uma empresa e, após se aposentar, abriu uma fábrica de massas alimentícias, que hoje é gerida pelos dois filhos mais velhos. A mãe tinha formação de professora, mas preferiu ser dona de casa.
Doutorado na Austrália
Após um ano de estágio em física médica no Hospital das Clínicas, Raquel Giulian entrou no Laboratório de Implantação Iônica na Instituto de Farmácia da UFRGS (IF-UFRGS) como aluna de iniciação científica, onde fez o seu mestrado estudando a concentração elementar da erva-mate com técnicas de feixes de íons.
Em 2005, foi para a Austrália acompanhar o marido que ia fazer um pós-doutorado. No ano seguinte, Giulian ingressou no doutorado na Australian National University, estudando formação e modificação de nanopartículas de platina por feixes de íons e, em 2009, a convite do seu orientador, Prof. Mark C. Ridgway, fez dois anos de pós-doutorado, na área de modificação de materiais semicondutores por feixes de íons.

Inquieta
Interessada por música, Raquel Giulian é mais do que cientista: toca piano desde a infância, além de cantar e tocar violão e violino. Também é artista e faz pintura, bordado, costura, artesanato com biscuit, patchwork e scrapbooks.A afiliada se disse feliz por fazer parte da Academia Brasileira de Ciências.