Alguns cientistas, assim como em qualquer profissão, descobrem cedo a sua vocação e, desde crianças, já manifestam interesse em pesquisar e descobrir coisas. Mas não foi o caso de Rui Prediger, um dos novos membros afiliados da Academia Brasileira de Ciências para o período 2016-2020.

Filho de professores, Prediger conta que o ensino e a educação sempre foram muito valorizados em sua casa, mas, embora gostasse de estudar, principalmente matemática e química, o gaúcho de Santo Angelo ainda não pensava em ser cientista e se dedicava a outros interesses. “Tive uma infância típica de cidades pequenas do interior, com muita liberdade para brincar na rua, e desde muito cedo me interessei por diversos esportes, como tênis, basquete, futebol, vôlei e surf.”

Por conta da profissão de seu pai, que, além de professor de matemática, alemão e direito, era também promotor de justiça, a família de Prediger precisou mudar de casa várias vezes durante sua infância, passando pelas cidades de Três de Maio, Tenente Portela e Venâncio Aires, onde viveram por 11 anos.

O interesse de Rui Prediger pela pesquisa só chegaria de fato no segundo ano do curso de farmácia, realizado na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), quando ele começou a iniciação científica. Nesse período, estagiou no Laboratório de Psicofarmacologia do professor Reinaldo Takahashi, seu orientador de mestrado e doutorado, e teve contato com outros professores, como o Acadêmico João Batista Calixto.

A partir de 2001, já graduado, Prediger começou seu mestrado e emendou com o doutorado no ano seguinte, ambos pelo Programa de Pós-Graduação em Farmacologia da UFSC. Foi nessa época que começou a estudar doenças neurodegenerativas, área à qual se dedica até hoje. “Sem dúvida o mais importante nesse período foi trabalhar com diversos professores, pesquisadores e alunos no desenvolvimento de diversos projetos científicos, aprendendo a amar a ciência e a farmacologia no dia a dia”, recorda o novo membro afiliado.

Atualmente, Prediger coordena o Laboratório Experimental de Doenças Neurodegenerativas da UFSC, onde se investigam as alterações comportamentais e neuroquímicas em estágios precoces das doenças de Parkinson e Alzheimer. “Além disso, buscamos compreender as causas e mecanismos pelos quais os neurônios morrem nestas doenças neurodegenerativas, desenvolver novos tratamentos para impedir sua progressão e melhorar a qualidade de vida dos pacientes”, explica o pesquisador.

Ciência pelo bem de todos

Para Prediger, a nomeação como membro afiliado da ABC não é uma conquista pessoal, mas um reconhecimento da equipe que representa. E afirma que quer ajudar a divulgar a ciência brasileira em diferentes níveis. “Tenho particular interesse em atuar na divulgação científica das principais descobertas numa linguagem acessível a população em geral”, diz Prediger. “E também quero discutir com os colegas da ABC ações que possam aumentar a representatividade da ciência Brasileira no cenário internacional”, completa.

“O que mais me encanta na ciência é a possibilidade do avanço no conhecimento humano nas mais diversas áreas e o fato deste avanço só ser possível através do trabalho em equipe de pessoas com diversas expertises e formações científicas, culturais e espirituais totalmente diferentes”, diz Prediger que hoje, casado, se diverte praticando esportes com seus três filhos.