No dia 19 de outubro, a EURAXESS Brasil realizou no Rio de Janeiro a quarta edição do Science Slam Brasil, evento de divulgação científica que abre espaço para pesquisadores apresentem seus projetos de forma criativa para o público em geral. A final deste ano foi realizada no Lapa Café, bar no centro da capital carioca. A EURAXESS é uma iniciativa da Comissão Europeia que ajuda gratuitamente os pesquisadores no desenvolvimento das suas carreiras e facilita a a mobilidade científica entre o Brasil e a Europa.

O vencedor desta edição foi o pesquisador em História Cultural/Comunicação Universidade Estadual de Londrina (UEL), André Azevedo da Fonseca, que ganhou uma viagem à Europa para conhecer uma instituição de pesquisa à sua escolha. Além dele competiram na final Alessandra Xavier Bueno, mestranda em saúde coletiva da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); Bruna Medeiros de Araujo, mestranda no Programa de Pós Graduação em Alimentos, Nutrição e Saúde da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp); Gabriel Poesia Reis e Silva, mestrando em Ciência da Computação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); Diego Nogues, mestrando em Desenvolvimento Territorial Sustentável na Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Todos os presentes puderam votar, mas o evento contou com um juri especializado, composto por Luiz Davidovich, presidente da Academia Brasileira de Ciências; Stevens Rehen, professor do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro e pesquisador do Instituto DOr; Ana Lucia Azevedo, jornalista do Globo e Atila Iamarino, criador do canal Nerdologia, do YouTube, assim como Charlotte Grawitz e Ingrid Le Van, representantes do EURAXESS no Brasil.

No dia anterior à final, foi realizado um treinamento de comunicação científica com os finalistas e outros 20 cientistas inscritos, ministrado por especialistas na área e com o apoio do Laboratório Em Formação (PEGeD/IBqM/CCS/UFRJ) UFRJ. Confira aqui a matéria sobre o evento de media coaching.

Veja abaixo algumas falas de quem esteve presente e participou do Science Slam.

Os finalistas André Azevedo, Alessandra Zavier, Bruna Medeiros, Diego Nogues e Gabriel Silva

As pessoas às vezes veem a ciência como uma coisa utópica”, difícil de entender. Eu fiz essa apresentação de hoje para a minha avó e ela super entendeu! Eu acho que essa proposta do Euraxess de apresentar a ciência de uma forma criativa e fácil de explicar para o leigo é o que a gente precisa, para que as pessoas se interessem mais pela ciência. Porque às vezes elas não se interessam por não entenderem.”

Bruna Medeiros de Araujo, mestranda no Programa de Pós Graduação em Alimentos, Nutrição e Saúde da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)


“Eu acho muito importante nesse contexto, em que há um excesso de informação de péssima qualidade circulando na internet, que a ciência busque formas de alcançar um público que tem interesse em ciência, mas está bombardeado por informações que não têm qualidade. Para mim, os cientistas precisam aprender a se comunicar com mais eficiência para poder comunicar os resultados de suas pesquisas para um público mais amplo, não só o público restrito da comunidade dos pesquisadores.”

André Azevedo da Fonseca, pesquisador em História Cultural/Comunicação da Universidade Estadual de Londrina (UEL)


“Eu acho que, a cada edição do Science Slam, os pesquisadores estão mais criativos e mais soltos e também estamos vendo que a receptividade do público está cada vez melhor. Eles estão mais abertos à criatividade dos pesquisadores, mais interessados e mais generosos. A vantagem do Science Slam é trazer a divulgação científica para o debate na mídia, e aí a gente começa a pensar ah, é possível fazer de maneira diferente e aí vamos despertando mais interesse da população, como estamos vendo na progressão da audiência e do número de concorrentes.”

Charlotte Grawitz – Representante da Euraxess no Brasil

Os jurados Atila Iamarino, criador do canal Nerdologia; Stevens Rehen, biólogo e pesquisador do Idor; Luiz Davidovich, presidente da ABC e Ana Lucia Azavedo, jornalista do Globo

“Eventos como esse transformam a maneira de divulgar a ciência; aproximam o público dos cientistas de uma maneira diferente, bem teatral, o que muda o canal de atenção. Você começa a se preocupar com outros símbolos dentro de uma apresentação. É um desafio para quem está lá na frente, conseguir explicar a ciência feita por eles a partir de símbolos que não são os de uma palestra. Eu achei interessante isso e os participantes souberam cativar, mas com cuidado para não errar na dose. E o que está por trás disso tudo é uma competição, que é uma coisa que o público gosta, desde os shows de calouros. Isso tudo está aí, meio junto e misturado”

Stevens
Rehen – Professor do ICB-UFRJ e pesquisador do Instituto Dor


“Já deve ter dado para perceber que ciência é divertido. A ABC tem um grande prazer de participar disso porque, para nós cientistas, é muito importante fazer a divulgação da ciência e se divertir com ela. Posso garantir a vocês que nosso trabalho de cientista é muito divertido. A gente ri muito. E vocês tiveram uma amostra dessa diversão que pode ser o trabalho de pesquisa hoje. Então, parabéns aos organizadores e aos candidatos”

Luiz Davidovich – Presidente da Academia Brasileira de Ciências


“A verba pra pesquisa que está sendo cortada, a verba para o ensino que está sendo destruída, as vagas das universidade, precisávamos estar falando com a sociedade sobre tudo isso, porque hoje quem fala para o público não é mais só o cara que o jornalista procura, é um cara qualquer que dá sua opinião, posta no WhatsApp e no Facebook e todo mundo compartilha. E se essa pessoa fala melhor do que o cientista, as pessoas vão ouvi-la. Tem poucos cientistas falando sobre ciência na internet, ou se dispondo a fazer uma apresentação como essa de hoje e se a gente não for lá, ninguém vai pela gente.”

Atila IamarinoDoutor em Microbiologia pela USP e criador do canal Nerdologia do YouTube

“Acredito que a divulgação científica seja extremamente importante, por ajudar o cientista a se aproximar do público em geral, o que acredito que seja uma obrigação de nós, cientistas. A participação no treinamento foi de grande ajuda para abrir meus olhos para um novo universo, por ter tido a oportunidade de ouvir e dialogar com pessoas bem preparadas na área de divulgação da ciência. Além disso, pude observar a transformação dos candidatos à final do Science Slam, ant
es e depois do coaching com os preparadores e nós, participantes. O evento final do Science Slam com apresentações de altíssimo nível, a confraternização durante e após o resultado foram de um grande profissionalismo e camaradagem, o que nos faz acreditar em um futuro promissor para a ciência em nosso país, mesmo apesar de tantos obstáculos.”

Leonardo Avilla – Professor adjunto, coordenador do Laboratório de Mastozoologia da UniRio e membro afiliado da ABC