A professora do Programa de Engenharia Química da Coppe/UFRJ, Leda Castilho – membro afiliado da ABC de 2009 a 2013 – é uma das autoras do artigo “Rapid development of a DNA vaccine for Zika virus”, publicado em 22 de setembro pela revista norte-americana Science.
O artigo traz os resultados de estudos desenvolvidos por uma equipe de pesquisadores que atuam no Centro de Pesquisa em Vacinas do National Institutes of Health (NIH), localizado em Bethesda (Maryland, EUA). Desde março deste ano, Leda Castilho vem atuando, como pesquisadora visitante no centro americano, no desenvolvimento de uma vacina a base de DNA para zika vírus.
Os pesquisadores realizaram testes com macacos rhesus, os quais receberam aplicações da vacina, com diferentes dosagens. Dos animais que receberam duas doses da vacina, 94% se mostraram totalmente protegidos quando foram infectados com o vírus. O estudo permitiu também estimar os níveis mínimos de anticorpos necessários a uma efetiva proteção contra o vírus.
As vacinas testadas consistem de um vetor de DNA contendo dois genes do vírus, que codificam proteínas da estrutura externa do vírus. Quando a vacina é aplicada, o organismo passa a sintetizar estruturas tridimensionais formadas pelas 2 proteínas virais e uma resposta imune é desencadeada, que leva à produção de anticorpos anti-zika. Por não conter o vírus inteiro nem o seu material genético completo, este tipo de vacina pode ser considerado muito seguro.
Os resultados promissores dos testes em animais, relatados no artigo da Science, foram a base para os ensaios clínicos em humanos, iniciados em agosto. Dos 80 voluntários da primeira fase de testes clínicos, 55 já foram vacinados. A segunda fase de testes em humanos, a ser conduzida simultaneamente em varios países, incluindo o Brasil, está prevista para começar no início de 2017.
A infecção de mulheres grávidas com vírus zika pode levar à microcefalia, retardo de crescimento intra-uterino e outras malformações congênitas. Devido à probabilidade de o vírus zika se tornar endêmico em vastas regiões do mundo e aos riscos também de transmissão por viajantes, é imperativo o desenvolvimento de uma vacina contra o vírus, em especial para proteger mulheres em idade fértil.
Segundo a professora Leda Castilho, coordenadora do Laboratório de Engenharia de Cultivos Celulares (LECC) da Coppe, vacinas são a mais importante ferramenta de saúde pública disponível. “O rápido desenvolvimento desta vacina de DNA, os resultados promissores obtidos em animais e o fato de que os testes em humanos já estão em andamento poderiam permitir que a nova vacina esteja disponível para comercialização em cerca de dois anos”, afirmou”, afirmou.