Quando tinha 13 anos, Eduardo Coelho Cerqueira ganhou do tio seu primeiro computador. Foi quando descobriu que iria seguir carreira em computação. Atualmente com 36 anos e professor adjunto do Departamento de Engenharia da Computação na Universidade Federal do Pará (UFPA), ele foi eleito membro afiliado da Academia Brasileira de Ciências (ABC) para o período 2016-2020.

“Passava grande parte do tempo no computador jogando, instalando aplicativos e peças e fazendo os primeiros programas”, conta o cientista, natural de Belém do Pará. Até então, havia passado a infância brincando na rua e jogando futebol com os amigos. Na época, estudava na Escola de Aplicação da UFPA, onde tinha geografia e matemática como matérias favoritas.

A mãe, Ana, era professora de português na mesma escola e o pai, Luciano, era administrador de empresas. “Além da minha mãe, que sempre foi uma excelente professora e incentivadora do meu estudo, e meu pai, uma pessoa extremamente dedicada e idealizadora, meu tio José Maria Bassalo, que era físico e professor da UFPA, me influenciaram a seguir a carreira de ciência”, relembra. Além dele, o irmão também era estudioso e fez faculdade de medicina.

Durante a graduação em tecnólogo em processamento de dados pela Universidade da Amazônia (Unama), Cerqueira ainda pensava em ter uma carreira mais voltada para a indústria/empresa, então não fez iniciação científica. Só foi se apaixonar mesmo pela carreira acadêmica durante o doutorado. Antes, concluiu o mestrado em ciência da computação pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

“Junto com meu grande amigo e incentivador Augusto Neto, fui fazer doutorado em engenharia informática na Universidade de Coimbra, em Portugal, orientado pelo Prof. Edmundo Monteiro”, diz Cerqueira. “Edmundo abriu as portas para a pesquisa científica e foi minha fonte de inspiração para conseguir progredir com minhas pesquisas. Eu prestava atenção em seus conselhos, ensinamentos, teorias e até a forma de agir com as pessoas.”

Em Portugal, o jovem teve a oportunidade de participar de projetos internacionais com a indústria e parceiros da academia que o ajudaram a abrir a mente e conhecer vários desafios da computação. “Nossa amizade hoje vai muito além de projetos, artigos e orientações em conjunto.” Cerqueira continuou com um pós-doutorado na mesma área na Universidade de Coimbra e realizou outro em ciência da computação na Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos.

Internet das coisas

Atualmente, trabalha com distribuição de aplicação multimídia – que, segundo o cientista, será responsável por 90% do conteúdo da Internet em quatro ou cinco anos – em redes móveis, incluindo veículos aéreos e terrestres. Cerqueira estuda, também, a área conhecida como “internet das coisas”: “Em poucos anos, a nossa vida pessoal e profissional estará fortemente ligada à internet e aos sensores, atuadores, aplicações e serviços em cidades inteligentes”.

O que o encanta na ciência é o desafio. “Acho fascinante estudar, projetar e testar ideias e soluções que tragam uma contribuição científica. Além disso, a interação com alunos, pesquisadores e professores é bem gratificante.” Eduardo Cerqueira (na foto, com o Acadêmico Philip Fearnside) considera que o título de membro afiliado é um reconhecimento por sua contribuição enquanto” professor, pesquisador e amante da ciência” . “Minha participação junto à Academia me permitirá discutir soluções para popularizar a pesquisa científica no Brasil, especificamente na nossa carente região amazônica”, aponta jovem cientista, que participa ativamente da organização de congressos, revisão de periódicos e projetos de pesquisa nacionais e internacionais.

Nas horas vagas, o pesquisador gosta de assistir aos jogos do seu time do coração, o Paysandu Sport Clube, discutir sobre empreendedorismo e educação e curtir a família, principalmente após o nascimento do seu primeiro filho, Duduzinho.