Estão abertas, desde o dia 15 de agosto, as inscrições para a terceira edição do Prêmio Gilberto Velho Mídia e Drogas, uma iniciativa do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC) que pretende estimular o debate público sobre políticas e legislação relacionadas às drogas. Os interessados podem inscrever reportagens feitas para mídia impressa ou internet do Brasil através do site até o dia 31 de outubro. Serão aceitas reportagens publicadas entre 16 de outubro de 2015 e 31 de outubro de 2016.
Primeira premiação jornalística dedicada ao tema no Brasil, o Prêmio Gilberto Velho tem apoio da Open Society Foundations e parceria com a Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo). Coordenadora do projeto, com a jornalista Anabela paiva, Julita Lemgruber acredita que a imprensa vem demonstrando interesse cada vez maior em aprofundar o debate sobre políticas e legislação sobre drogas e seu impacto social.
“Desde o lançamento do Prêmio Gilberto Velho Mídia e Drogas, em 2014, muita coisa mudou. Não na política de drogas do país, que continua na vanguarda do atraso, mas na cobertura da mídia sobre o tema. A percepção do quanto precisamos mudar e a crítica do que acontece no país passou a fazer parte das preocupações de jornalistas que se envolvem com o tema. E o Prêmio Gilberto Velho certamente contribuiu para isto, o que nos deixa absolutamente recompensados”, diz Julita.
Os inscritos no Prêmio concorrerão a três prêmios pecuniários: o primeiro, de R$ 7 mil; o segundo, de R$ 3 mil; e o terceiro, de R$ 2 mil. Além disso, o júri também poderá conferir até duas menções honrosas, no valor de R$ 1 mil cada uma.
Na seleção dos premiados, o júri levará em conta o ineditismo das informações divulgadas; as abordagens que contribuam para desafiar ideias pré-concebidas em relação ao tema das drogas; a ênfase nos direitos humanos; a diversidade de fontes e ângulos; a qualidade do texto e sua capacidade de comunicar ao leitor reflexões críticas e visões inovadoras sobre as políticas públicas e legislação na área de drogas no Brasil.
Em 2015, o primeiro lugar foi do jornal Zero Hora, pelo dossiê “Maconha: É hora de legalizar?”, assinado por Leandro Maciel, Nilson Mariano, Leonardo Azevedo, Eduardo Oliveira e Jefferson Botega. O segundo lugar foi destinado ao jornal comunitário Maré de Notícias, por “Prazer, meu nome é Reginaldo, não cracudo”, de Rosilene Miliotti.
Dandara Tinoco ganhou o terceiro lugar, por três reportagens publicadas em O Globo.
As menções honrosas foram para a reportagem “Um recomeço para os filhos do crack”, da revista Crescer, de Maria Clara Vieira, e “Mais um mês e eu teria morrido”, de Talita Bedinelli, na edição brasileira do El País.
Em 2014, Tarso Araujo foi o primeiro colocado, pelas reportagens “O Começo do Fim” e “Tarja Verde”, publicadas pela revista Superinteressante. O segundo lugar ficou com Emiliano Urbim, pela reportagem “Médicos sem Fronteiras”, publicada em O Globo. O jornalista Denis Burgierman recebeu menção honrosa pela reportagem “Crack – Tudo o que sabíamos sobre ele estava errado”, também da Superinteressante.
Criado em 2010, o CESeC se dedica à produção de análises e dados relacionados à criminalidade e segurança pública. O Centro desenvolve pesquisas aplicadas, consultorias, monitoramento de projetos de intervenção, fóruns, seminários, e atividades de ensino, capacitação e difusão de informações nas áreas de segurança, justiça, sistema penitenciário e prevenção da violência.
Gilberto Velho
O carioca Gilberto Velho, falecido em 2012, foi um dos precursores da antropologia urbana no Brasil.
Membro titular da Academia Brasileira de Ciências, Velho se graduou em ciências sociais na Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde também fez mestrado, e realizou seu doutorado na Universidade de São Paulo, após um período nos Estados Unidos onde estudou Antropologia Urbana e das Sociedades Complexas na Universidade do Texas.
Publicou mais de 20 obras em sua carreira, algumas como autor, outras como organizador, entre elas a compilação de artigos “Ciência e estudos da violência”, editada pela ABC. Foi professor titular e decano do Departamento de Antropologia do Museu Nacional da UFRJ.