Está disponível no YouTube, desde o dia 15 de junho, o documentário “Caçadores de Dinossauros”, que mostra a expedição feita em 2006 pelo paleontólogo e Acadêmico, Alexander Kellner, com uma equipe de, aproximadamente, 20 pesquisadores, ao município de Tesouro, no Mato Grosso, para recolher ossos de dinossauros identificados às margens do rio Confusão, afluente do Garças.
Percebendo que os documentários sobre paleontologia exibidos nas redes de televisão brasileira eram, majoritariamente, importados, Kellner teve a ideia de documentar esta expedição e produzir um relato audiovisual da viagem para depois envia-lo a emissoras de TV, ou redes de cinema para divulgar a pesquisa, objetivo que não obteve sucesso. “Isso demonstra a dificuldade de emplacar projetos com a temática da ciência nacional na TV e no cinema do país”, lamenta Kellner.
Realizado pela produtora “Terra Brasilis”, da cineasta Lara Velho, o documentário mostra, em pouco mais de uma hora, os detalhes da expedição. A saída da equipe do Rio de Janeiro; o encontro de outras equipes de pesquisadores, de outras partes do país; o esforço para recolher as amostras de fósseis; a convivência do grupo, composto, basicamente, por estudantes, e as adversidades como o tempo, o calor do cerrado e os insetos. “A maior dificuldade em expedições como essa é a convivência do grupo. É onde se têm os maiores problemas. Porém no Mato Grosso, nossos problemas nesse aspecto foram próximos de zero. Passamos muitas privações e tudo isso dificulta a convivência e eu, como coordenador, precisava estar atento a tudo isso”, relembra Kellner.
O filme, custeado pela própria produtora, foi concluído em 2009 e chegou a ser exibido em festivais de cinema pelo Brasil. Na equipe do documentário há nomes como Geraldo Azevedo na direção musical e Paulo César Pereio, pai de Lara Velho, na narração, algumas vezes lendo o texto da roteirista Neila Tavares e, em outras, os relatos em primeira pessoa do diário escrito por Alexander Kellner. “Eu escrevo um diário com relatos de todas as expedições que eu já fiz. Espero um dia, quando for velhinho, publica-las em um livro”, revela.
Falta de investimentos
Atualmente, Kellner conta que as pesquisas a partir dos materiais estão congeladas por falta de verbas. “Estamos com uma dissertação de mestrado que esperamos que seja publicada nos próximos meses sobre esse material coletado.” Kellner acredita que esta tese pode ajudar a dar visibilidade para a pesquisa. “Estamos buscando recursos para outra expedição para o Mato Grosso, mas não conseguimos”, conta o paleontólogo. “Hoje em dia estamos cada vez mais preocupados com a falta de investimento à pesquisa básica. Temos o Movimento S.O.S Dinossauros para reverter essa situação, mas, com a falta de verbas, uma área como a paleontologia, que não tem aplicação direta, fica muito atrás das outras”, lamenta Kellner.