Com o objetivo de oferecer ao público o acesso ao seu arquivo literário, a Academia Brasileira de Ciências (ABC) cedeu, em regime de comodato, seu acervo de obras científicas à Biblioteca Henrique Morize, do Museu de Astronomia e Ciências Afins (Mast) do Observatório Nacional. O espaço foi inaugurado no dia 23 de novembro, em cerimônia com a presença do ministro de Ciência, Tecnologia & Inovação (MCTI), Celso Pansera, e do presidente da ABC, Jacob Palis.
 
O acordo entre as duas instituições possibilitou o projeto de construção do novo prédio, que durou seis anos e contou com investimento de R$ 3 milhões da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e com a instalação do sistema de refrigeração pelo MCTI. A biblioteca, que abriga o acervo bibliográfico e multimídia do Mast, possui três pavimentos e soma 1200 m² de área, mais do que dez vezes o tamanho da antiga biblioteca, de 105 m², que abrigava uma coleção com 15 mil volumes. Agora, com a parceria da ABC, este número sobe para 30 mil.
 
Segundo Heloisa Maria Bertol Domingues, diretora do Mast, dentre o material cedido pela ABC, há em torno de 400 obras raras da história da ciência nacional. “Essa coleção assume o valor de documento histórico, dando ainda maior sentido ao papel da instituição de preservar a história das ciências e da tecnologia brasileiras”, disse a diretora. “Com a cessão da ABC, o Mast se torna detentor de um dos maiores acervos brasileiros de publicações científicas consideradas históricas, senão o maior. “
 
Jacob Palis contou que as conversas para o fechamento do acordo de disponibilização das obras já aconteciam há alguns anos e começaram em sua gestão como presidente da ABC. “Agora, o Mast tem o acervo histórico da ciência brasileira”, disse Palis. “Foi uma combinação que casou. Iniciou-se com a boa vontade e a perspectiva foi amadurecendo e o casamento agora é total. “
 
Além do acervo bibliográfico e multimídia organizado no subsolo do prédio, a Biblioteca Henrique Morize possui espaços de consulta no segundo pavimento e salas de aula no terceiro.
 
O ministro Celso Pansera falou da importância de um arquivo científico disponível para o acesso do público. “É determinante que nós tenhamos locais de acesso fácil, que organizem o que nós temos de acervo bibliográfico e científico”, disse Pansera. “Uma biblioteca sempre é uma possibilidade a mais de distribuirmos e produzirmos conhecimento. “
 
 
A escolha do nome de Morize para batizar a nova biblioteca tem valor simbólico, não só pelo papel relevante do astrônomo na história da pesquisa científica no Brasil, mas também por ele ter sido presidente da Academia Brasileira de Ciências entre 1916 e 1926, sendo que de 1909 a 1929 ele foi diretor do Observatório Nacional – antigo “Imperial Observatório”, que hoje abriga o Museu de Astronomia e Ciências Afins.
 
Responsável pela construção e transferência do Observatório à sua sede atual, em São Cristóvão, no Rio de Janeiro, em 1922, Henrique Morize foi o primeiro a doar sua biblioteca pessoal à entidade. “Ele representa a própria identidade da nossa instituição”, definiu a diretora Heloisa Bertol Domingues.