O comissário da União Europeia, Carlos Moedas com Celso Pansera, Ministro de Ciência, Tecnologia & Inovação do Brasil
A Academia Brasileira de Ciências (ABC) recebeu em sua sede no Rio de Janeiro, nos dias 16 e 17 de novembro, o evento “Cooperação Brasil – União Europeia em Pesquisa Marinha”, organizado pelo Ministério de Ciência Tecnologia & Inovação; pela Comissão Europeia e pela Delegação Europeia do Brasil, os dois últimos, órgãos voltados para o câmbio científico internacional, associadas à União Europeia.
Durante a reunião, que contou com pesquisadores do mundo todo para debater sobre possíveis cooperações na área da pesquisa marítima e o intercâmbio de recursos humanos entre o Brasil e os países da União Europeia, o ministro Celso Pansera e o comissário europeu para Pesquisa, Inovação e Ciências, Carlos Moedas, assinaram uma declaração conjunta de intenções para ampliar a cooperação em pesquisa.
Sete tópicos
Foram estabelecidos sete tópicos para a colaboração bilateral. São eles: observação oceânica transatlântica e sistemas de previsão; segurança alimentar, incluindo aquicultura; conservação e uso sustentável da biodiversidade do Atlântico, incluindo usos inovadores como biotecnologia; tecnologia oceânica; mentalidade marinha; interações continente-oceano, incluindo fluxo de nutrientes; e pesquisa polar, especialmente as interligações entre o Atlântico e a Antártica.
O ministro Pansera lembrou que a maior parte dos dados que se tem hoje sobre o litoral brasileiro, banhado pelo Oceano Atlântico, foi conseguida graças a pesquisas de laboratórios europeus. “Hoje, a ciência brasileira atingiu absoluta maturidade, o que nos permite realizar a formação conjunta de pesquisadores, lado a lado com as melhores instituições da Europa. Com isso, há hoje no país uma série de laboratórios binacionais, promovendo e intensificando a pesquisa e o desenvolvimento em conjunto”, afirmou o ministro.
Carlos Moedas considerou o evento uma comprovação de que há pesquisadores, tanto do continente europeu, quanto americano, interessados em aumentar os estudos sobre o oceano. “Os mares representam 70% da superfície terrestre, mas nós só conhecemos 5% deles. Fornecem 97% da água do planeta, mas nós os conhecemos pior do que a superfície da lua”, disse Moedas, afirmando que, daqui em diante, as pesquisas marítimas serão uma questão de necessidade.
“Se olharmos os números, duas de cada cinco pessoas no planeta moram perto do mar; três de cada sete tiram o seu sustento do oceano. As atividades marítimas são responsáveis por 5% do PIB mundial e 70% do brasileiro”, informou o comissário. “Eu penso que, muitas vezes, resolvemos problemas colocando as boas questões, as verdadeiras questões, por exemplo, como utilizar os oceanos de forma mais sustentável? Como limitar os efeitos negativos da ação humana nos cursos que nos regulam o clima? São respostas que não podemos dar adequadamente, são desafios comuns, que necessitam soluções comuns.”
Segurança alimentar
Entre os sete tópicos do acordo, Celso Pansera deu destaque ao tema da segurança alimentar, área na qual ele afirma que as pesquisas brasileiras têm se destacado mundialmente. “Em minhas viagens ao exterior, eu tenho notado que existe, por parte da Europa principalmente, mas também do Oriente Médio, um interesse muito grande em tecnologia brasileira na área de segurança alimentar. Acho que é onde nós temos um grande conhecimento”, apontou.
O comissário Carlos Moedas também salientou este tema, lembrando a projeção de aumento da população global para as próximas décadas. “Alguns estudos indicam que essa produção terá que aumentar em mais de 50%. Como é que nós vamos conseguir isso? E, nesse aspecto, a segurança alimentar tem realmente uma relevância muito grande.”