Diversos fatores influenciaram o bioquímico Bruno Anderson Matias da Rocha a seguir a carreira de pesquisador. Recentemente, foi eleito membro afiliado da Academia Brasileira de Ciências (ABC) – Regional Nordeste para o período 2015-2019.
Curioso com as atividades desempenhadas por sua mãe, auxiliar em laboratórios da rede de saúde de Fortaleza, como contagem de células de hemogramas, Rocha, ainda criança, começou a acompanhá-la ao trabalho. Foi, assim, se inspirando pelas atividades dos farmacêuticos, assim como pelos pequenos experimentos ensinados na revista infantil Ciência Hoje, cujas edições lhe eram presentadas pela tia, professora da rede pública, onde o periódico era distribuído.
Nascido em Fortaleza, Bruno da Rocha cresceu em Caucaia (CE) com os pais e a irmã mais nova, onde se divertia brincando com os primos e amigos de infância. Ao completar cinco anos, viu seu pai abandonar a profissão de bancário para trabalhar com contabilidade no Rio de Janeiro e passou a vê-lo apenas nas férias.
Na escola, gostava das atividades artísticas, esportivas e científicas; considerava a escola um ambiente de brincadeira e diversão. Praticava vôlei, handebol, natação e basquete e se interessava por biologia, química, geografia e história, assim como matemática e física, atraído pelos desafios destas disciplinas.
Tudo planejado
O interesse pela carreira científica veio antes para Bruno Rocha do que a escolha do curso da faculdade. Interessava-se pela vida acadêmica e pela pesquisa. Aos 12 anos, perguntava a seu vizinho quanto tempo demorava cada etapa da graduação até o doutorado. Calculou que seria doutor até os 26 anos e cumpriu.
A principal influência para decidir a área profissional que seguiria foi do professor de biologia do ensino médio, Davi Menezes. O interesse pelas ciências biológicas fez com que Bruno abandonasse sua ideia inicial, que era a de cursar odontologia.
Na graduação, o pesquisador diz que as experiências em diferentes laboratórios e aulas de campo foram os exercícios mais significativos e também destaca a influência das professoras Ana Carina Ometto (Genética e Evolução) e Cristiana Paiva (Botânica), que hoje trabalha com Rocha na UFC.
No mestrado e doutorado foi orientado pelos professores Alexandre Holanda Sampaio e Benildo Sousa Cavada, membro titular da ABC desde 2011.
“Novas soluções para problemas antigos”
Atualmente, a pesquisa desenvolvida por Bruno Rocha busca identificar espécies de plantas que possam ter algum efeito sobre doenças humanas como inflamações, dores, câncer, antibióticos e em pragas de insetos e fungos na agricultura. Segundo o próprio cientista, tenta conseguir soluções novas para problemas antigos.
Bruno Rocha afirma que seu principal encantamento pela ciência é a descoberta daquilo que é novo. Do que existe, mas está escondido aos olhos de todos. “A ciência modifica o mundo e as pessoas. O conhecimento, uma vez alcançado, não pode ser ignorado e isso gera mudança, gera movimento”, divaga.
Diz considerar a indicação como membro afiliado da ABC uma grande honra. “Fazer parte de um grupo de jovens pesquisadores envolvidos e dedicados com o progresso da ciência brasileira é mais do que um reconhecimento, é uma oportunidade ímpar de mostrar à sociedade a importância da construção de bases sólidas para o desenvolvimento científico”, afirma.
E, mais do que isso, compromete-se a ter um olhar vigilante às políticas públicas de incentivo ao desenvolvimento científico no Nordeste e no Brasil, assim como representar as necessidades dos pesquisadores brasileiros para ampliar a qualidade da ciência produzida pelo país.