Em conversa com internautas pelo Twitter do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (@mcti), nesta sexta-feira (10), o Acadêmico, físico e pesquisador Vanderlei Bagnato defendeu a interdisciplinaridade das áreas científicas. “Felizmente, a comunidade científica já adotou a interdisciplinaridade como elemento de progresso técnico científico e muitas instituições nacionais e internacionais estão praticando a ciência independente da área. O que importa é o problema ser resolvido”, disse.
A ação faz parte das comemorações dos 30 anos do Ministério e tem por objetivo despertar o interesse de jovens pela área e colocar a população em contato com os cientistas e suas pesquisas.
Vanderlei Bagnato é professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP) no campus de São Carlos e desenvolve pesquisas inovadoras como o primeiro relógio atômico brasileiro, o bisturi ultrassônico e a terapia fotodinâmica para tratamento de câncer de pele não melanoma.
Durante uma hora ele conversou com o público sobre suas pesquisas e a ciência no Brasil e no mundo.

Sem corte
O professor explicou o funcionamento do bisturi ultrassônico que desfaz o tecido sem cortes e não expõe as partes internas dos pacientes. Segundo ele, o método minimamente invasivo evita hemorragias e infecções. “Cortar significa dilacerar. O bisturi ultrassônico desfaz as proteínas eliminando uma porção que separa as outras duas”, descreveu. “Imagine que tenho duas partes unidas por uma cola, eu faço um processo que dissolve a cola. As partes são separadas sem haver corte.”
Bagnato também falou sobre a terapia fotodinâmica, um tipo de tratamento para câncer de pele não melanoma, o tipo mais frequente no Brasil e que corresponde a 25% de todos os tumores malignos registrados no País. O método apresenta resultados de sucesso de acima de 90% dos casos.
Atualmente o tratamento é recomendado apenas em lesões de não mais de 2 centímetros e superficiais, mas em breve poderá ser estendido para lesões maiores. “Se pudermos garantir que o medicamento e luz penetre em todo tumor, a técnica poderá ser usada para qualquer tamanho de câncer de pele não melanoma. De fato, nosso grupo já vem trabalhando em casos clínicos de tumores de maior volume”, contou.
Responsável pelo desenvolvimento do relógio atômico brasileiro, Bagnato lembrou que o Brasil é o único país que domina a tecnologia em todo o Hemisfério Sul. Conforme explicou, nosso modelo é um dos mais avançados do mundo, com margem de erro de apenas um segundo a cada 3 bilhões de anos. “Só com a precisão dos relógios atômicos poderemos ter as modernas tecnologias como o GPS, telecomunicação via satélite e muitos outras já existente e que estarão presentes em um futuro próximo”.
O pesquisador
Vanderlei Salvador Bagnato concluiu simultaneamente bacharelado em física na Universidade de São Paulo e engenharia de materiais na UFSCar, em 1981. Ele realizou o doutorado em física no Massachusetts Institute of Technology (MIT) em 1987. Publicou cerca de 500 artigos em periódicos especializados.