A primeira turma da pós-graduação em engenharia química que deu origem à Coppe
Até os anos 1960, o Brasil não dispunha de um sistema de pós-graduação. Na época, o engenheiro Alberto Luiz Coimbra, que tinha acabado de concluir o mestrado nos Estados Unidos, retornou ao Brasil disposto a implantar um curso pioneiro de mestrado e doutorado em engenharia. Foi assim que nasceu a Coppe/UFRJ, em 1963, hoje o maior centro de ensino e pesquisa em engenharia da América Latina, cujo formato serviu de modelo para a implantação da pós-graduação no Brasil. A trajetória da Coppe, que se confunde com marcos da história do país, é contada no evento “Coppe em cinco décadas: a arte de antecipar o futuro”, que será inaugurado dia 21 de maio, às 15 horas, no hall de entrada do prédio da Coppe, no Centro de Tecnologia 2 (CT 2), na Rua Moniz Aragão, 360, Bloco 1, Cidade Universitária. A Coppe/UFRJ é dirigida pelo Acadêmico Luiz Pinguelli Rosa.
No evento, ocorrerá os lançamentos da revista Engenharia e inovação, que conta as principais contribuições da Coppe no ensino, na pesquisa e no desenvolvimento do país; do livro Mecânica dos fluidos, de autoria de Alberto Luiz Coimbra, escrito nos anos 1960 para suprir a carência de publicação disponível sobre o tema;e da exposição “Coppe em cinco décadas”, que apresenta os principais marcos da instituição.
Na ocasião, haverá homenagem ao fundador da Coppe, hoje com 91 anos, que teve atuação decisiva para a implantação da pós-graduação no Brasil. Produzido pela equipe da Assessoria de Comunicação da Coppe, o evento integra a agenda de comemorações dos 50 anos da instituição.
A edição do livro e da revista e a realização da exposição contam com patrocínio e apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação; Ministério de Minas e Energia; Eletrobras Furnas; Petrobras; Halliburton; GE; Braskem e Itaipu.
Revista e exposição contam história por décadas
Capa Revista Coppe 50 anos
A revista Engenharia e inovação: a arte de antecipar o futuro conta, em suas 72 páginas, a história da Coppe por décadas. A publicação traz uma entrevista inédita com o professor Alberto Coimbra e apresenta o perfil de docentes e personalidades que contribuíram para implantara instituição. Entre eles, o economista José Pelúcio Ferreira, que, no início dos anos 1960, era chefe do Departamento Econômico do então BNDE e teve atuação fundamental para o estabelecimento de uma política de desenvolvimento científico e tecnológico no Brasil.
A revista relata outras histórias: o afastamento do fundador da Coppe, nos anos 1970, durante a ditadura militar, e a luta dos que ficaram para evitar a dissolução da instituição. Mostra, também, a contribuição da Coppe na implantação de projetos nacionais, como as pesquisas que resultaram na construção das primeiras plataformas brasileiras, viabilizando a exploração depetróleo em águas profundas. Outro assunto de destaque diz respeito a pesquisas desenvolvidas para redução de impactos no meio ambiente, como estudos que apoiaram a implantação da Política Nacional para Biocombustíveis no país, e tecnologias limpas voltadas para mobilidade urbana. Traz, ainda, uma entrevista com o atual diretor da instituição, professor Luiz Pinguelli Rosa, e uma linha do tempo que contextualiza a atuação da Coppe e os principais acontecimentos de cada década, no Brasil e no mundo.
A revista foi editada pelas jornalistas Dominique Ribeiro e Terezinha Costa eredigida pelas jornalistas Anabela Paiva e Claudia Costa. O projeto gráfico é da Traço Design.
A exposição “Coppe em cinco décadas: a arte de antecipar o futuro” é uma espécie de mergulho no túnel do tempo. A mostra reúne textos, fotografias e vídeos que ajudam a traçar um panorama da história da instituição ao longo de 50 anos. A reprodução de manchetes e matérias publicadas pela imprensa também ajuda a mostrar as contribuições da Coppe em diferentes períodos da história.
A exposição ficará aberta ao público, de 21 de maio a 22 de julho, no Espaço de Arte da Coppe, no hall de entrada do prédio onde funciona a sede da instituição, no Centro de Tecnologia 2 (CT 2) da UFRJ, na Cidade Universitária. A mostra poderá ser visitada de segunda a sexta-feira, das 9 às 18 horas. A entrada é franca.
Livro inaugura literatura sobre tema no país
O lançamento do livro Mecânica dos fluidos marca a estreia do selo “Coppe Edições Históricas”, cuja proposta é recuperar a produção científica daqueles que, com seu trabalho acadêmico, ajudaram a construir uma sólida pós-graduação em engenharia no Brasil, fazendo da Coppe sinônimo de qualidade em ensino e pesquisa.
O talento natural de Alberto Luiz Coimbra para o trabalho acadêmico e a carência de material didático especializado em língua portuguesa levaram-no a escrever livros que pudessem incentivar os alunos e motivá-los. Coimbra elaborava suas aulas com esmero, de forma a torná-las compreensíveis e atraentes. Foram justamente as notas de 55 aulas do curso de Mecânica dos Fluidos que deram origem ao livro, que foi revisado, mantendo-se atual e de grande valor didático.
Os editores destacam o conteúdo e a abrangência da obra, surpreendente para a época em que foi escrito. Os capítulos relacionados a temas como camada-limite e turbulência tratam de aspectos complexos, que só viriam a ser popularizados anos mais tarde. No intuito de democratizar o acesso ao livro por estudantes de engenharia, aversão digital do livro será disponibilizada, gratuitamente, pelo site da editora E-papers (http://www.e-papers.com.br/).
O livro foi editado e revisado pelos professores da Coppe, o Acadêmico Luiz Bevilacqua (Programa de Engenharia Civil) e Juliana Loureiro (Programa de Engenharia Mecânica), com apoio do professor Fernando Pereira Duda (Programa de Engenharia Mecânica). O projeto gráfico é da E-papers.
Coimbra ajudou a implantar a pós-graduação no Brasil
Alberto Luiz Galvão Coimbra nasceu no bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro, em 1923. Integra o grupo de nacionalistas brasileiros que, com talento e espírito crítico deram importante contribuição ao país.
Químico Industrial formado pela Escola Nacional de Química, da então Universidade do Brasil, hoje UFRJ, Coimbra tomou gosto pela matemática na universidade, o que o conduziu à graduação em Engenharia Química e, posteriormente, em 1947, à Universidade Vanderbilt, nos Estados Unidos. Dar continuidade aos estudos após completar a graduação era uma raridade no Brasil da época.
Coimbra retornou ao Rio de Janeiro, em 1953, como docente do Instituto de Química da Universidade do Brasil. Inspirado na estrutura universitária americana, na qual professores e alunos se dedicavam integralmente à academia, passou a defender com vigor u
m novo modelo de ensino para a universidade brasileira. Numa época em que ser professor universitário no Brasil era só uma atividade extra, Coimbra sonhava com um sistema que combinasse ensino e pesquisa, com professores bem remunerados, trabalhando em regime de tempo integral e dedicação exclusiva.
m novo modelo de ensino para a universidade brasileira. Numa época em que ser professor universitário no Brasil era só uma atividade extra, Coimbra sonhava com um sistema que combinasse ensino e pesquisa, com professores bem remunerados, trabalhando em regime de tempo integral e dedicação exclusiva.
Baseado nesses princípios, propôs a criação de um curso de pós-graduação em que fosse praticado o que chamava de “ciência da engenharia”. A iniciativa, considerada utópica para muitos, teve o apoio de Athos da Silveira Ramos, diretor do Instituto de Química, que aceitou incluir o curso em seu organograma.
E foi assim que Coimbra instituiu um modelo de pós-graduação absolutamente inovador no Brasil. Em 1963, inaugurou o primeiro curso de mestrado em Engenharia Química do país, que começou a funcionar em duas pequenas salas do campus da Praia Vermelha e se expandiu para dar origem ao maior centro de ensino e pesquisa de engenharia da América Latina: a Coppe.