A Academia Nacional de Medicina (ANM) e os os Acadêmicos Wanderley de Souza e Rubens Belfort convidam para o simpósio “Toxoplasma e Toxoplasmose”, a ser realizado em 10 de julho , às 14hs, na sede da ANM, na Av. General Justo, 365, 7º andar, no Centro do Rio de Janeiro.
Após o simpósio, às 17hs, será lançado o livro “Toxoplasma e Toxoplasma gondii” organizado pelos Acadêmicos e publicado pela Editora Fiocruz.
Coletânea apresenta o estado da arte do conhecimento sobre a toxoplasmose
Infecção hoje muito disseminada ao redor do mundo, especialmente no Brasil: assim é a infecção por Toxoplasma gondii, protozoário descoberto em 1908 por cientistas no Brasil e na Tunísia, simultaneamente. Começando pela história da descoberta desse parasita e da doença por ele causada, a toxoplasmose, e visitando os diferentes aspectos relacionados ao tema – ciclo evolutivo, epidemiologia, diagnóstico, quadro clínico e tratamento -, os professores Wanderley de Souza (UFRJ e Inmetro) e Rubens Belfort Jr. (Unifesp) organizaram uma ampla revisão sobre o assunto, provavelmente a mais completa já realizada. O resultado desse trabalho é a coletânea “Toxoplasmose & Toxoplasma gondii“, com 16 capítulos e 27 autores, lançamento da Editora Fiocruz.
Os mais importantes protozoários causadores de doenças no homem foram descritos no período entre 1875 e 1910. O T. gondii estava entre eles. “Embora a identificação do Toxoplasma gondii tenha ocorrido em 1908, sua transmissão permaneceu um mistério durante trinta anos”, dizem os pesquisadores do IOC/Fiocruz Helene Santos Barbosa, Renata Morley de Muno e Marcos de Assis Moura, autores de um dos capítulos do livro.
Em 1937, foi demonstrada a evidência de que o T. gondii é um parasita intracelular obrigatório, isto é, ele só se multiplica no interior de células do animal infectado. E somente nos anos 1970 desvendou-se o ciclo de vida desse protozoário, do qual o gato é hospedeiro definitivo. Outros animais de sangue quente, entre eles o ser humano, são hospedeiros intermediários.
As fezes de gatos infectados contêm formas do parasita que podem contaminar água, ar, solo e alimentos, e, assim, ser transmitidas a outros animais, incluindo aves, bovinos e suínos. O homem contrai a infecção por duas rotas principais: oral (pela ingestão de água e alimentos contaminados, assim como da carne crua ou malpassada) e congênita (de mãe para filho, durante a gestação). A toxoplasmose congênita – a mais grave e notável das manifestações da doença – é abordada em outro capítulo do livro, que também dedica espaço à toxoplasmose na criança.
“Há pouco mais de cinquenta anos era patente o caráter de ser a toxoplasmose uma doença nova. Depois, graças ao labor de vários cientistas, ficou evidente que essa protozoose é muito comum e, felizmente, benigna, só eventualmente assumindo feição de enfermidade grave”, afirma o professor da USP Vicente Amato Neto, que assina o prefácio da coletânea. Muitos indivíduos infectados pelo T. gondii não apresentam sintomas, mas, quando a doença se manifesta, pode ter diferentes configurações, afetando gânglios, olhos, coração, pulmões, fígado, cérebro e meninges, ou articulações.
Outro capítulo do livro é dedicado à toxoplasmose em pacientes com sistema imunológico debilitado, como na Aids, pois eles costumam apresentar um quadro clínico mais sério e generalizado, ao terem vários órgãos atingidos. Outros capítulos abordam aspectos importantes da toxoplasmose como a sua epidemiologia, os modernos métodos laboratoriais para o diagnóstico da doença, a toxoplasmose congênita, as manifestações da infecção na criança, a toxoplasmose ocular e considerações sobre o desenvolvimento de novas drogas com ação antiparasitária, bem como as utilizadas atualmente para o tratamento da infecção pelo Toxoplasma gondii.
Além de uma completa revisão, a obra também traz para o leitor o que há de mais atual no conhecimento científico acerca da toxoplasmose e do T. gondii. “A coletânea cobre praticamente todos os campos do conhecimento sobre o agente etiológico e a doença, apresentando novos aspectos, particularmente em relação à bioquímica, à interação entre o parasita e a célula hospedeira e à resposta imunológica à infecção”, avalia o pesquisador do IOC/Fiocruz José Rodrigues Coura. “A obra permite em seu conjunto a utilização por estudantes, profissionais e pesquisadores das áreas básica e aplicada da saúde”, recomenda.