A Fiocruz é o melhor instituto de pesquisa do Brasil em termos de qualidade de produção científica, e o A.C.Camargo Cancer Center é o melhor hospital. As informações são da Universidade de Leiden (Holanda). Pela primeira vez, cientistas da instituição usaram uma metodologia similar a de seus rankings universitários para um levantamento de produção científica. As instituições brasileiras foram as primeiras contempladas. Entre as universidades, a USP é a primeira colocada.
O principal indicador dos holandeses é o impacto da pesquisa acadêmica produzida em cada instituição, ou seja, o quanto essa pesquisa é citada por trabalhos de outros cientistas. Ganha mais pontos a instituição que tiver mais produção científica com mais impacto (entre os trabalhos 10% mais citados). Outros critérios, como quantidade de trabalhos em colaboração internacional, também entram na conta. A metodologia de Leiden, como ficou conhecida, já vinha sendo aplicada desde 2011 para classificar universidades internacionalmente.
No último ranking internacional de universidades feito por eles, a USP está em 678º lugar no mundo. Os primeiros lugares são todos de escolas dos EUA. “Agora resolvemos usar a metodologia do ranking internacional de universidades para aplicar em instituições de pesquisa”, disse à Folha Everard Noyons, cientista e coordenador do trabalho.
Paulo Gadelha, presidente da Fiocruz, diz que a produção de conhecimento científico é o cerne da instituição, mas ressalta que o projeto da fundação é marcado por uma visão da pesquisa para resolver problemas práticos.
A proposta de ranquear a produção científica especificamente do Brasil, diz Noyons, veio da organização do EBBC (Encontro Brasileiro de Bibliometria e Cienciometria –área que estuda dados de produção científica). Acabou virando uma espécie de “exercício acadêmico” e os resultados foram apresentados no congresso da EBBC, que ocorreu há duas semanas na UFPE (Universidade Federal de Pernambuco).
Os resultados estão disponíveis no site do trabalho (http://brr.cwts.nl/ranking), em inglês, onde é possível classificar, por exemplo, universidades brasileiras, institutos de pesquisa e hospitais.
A ideia do grupo, diz o especialista, é, a partir desse exercício no Brasil, trabalhar para incluir institutos de pesquisa no próximo ranking internacional do Leiden. Mas os rankings são medidores confiáveis da qualidade das instituições? Nós não somos a favor de rankings. Mas eles existem e nós não podemos ficar de fora criticando”, diz Noyons.
Gilberto Câmara, ex-diretor do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) diz que os institutos não podem ser julgados apenas pela sua produção científica. “Não podemos reduzir instituições como a Embrapa e o Inpe à produção de artigos”. Segundo ele, muitos projetos do Inpe, como os ligados ao monitoramento da Amazônia, dificilmente geram artigos, mas são fundamentais para a instituição.