No ano de 2012, o pesquisador André Melro Murad foi eleito Membro Afiliado da ABC pela Regional Minas Gerais e Centro-Oeste. Em mandato que irá de 2013 a 2017, Murad ressalta o prestígio dessa titulação e diz acreditar que benefícios e contribuições mútuas surgirão com o tempo.
Filho de pai médico e mãe secretária, ele conta que, durante a infância, tinha poucos amigos e passava muito tempo em casa. Enquanto os pais trabalhavam fora, André brincava com sua irmã mais nova e gostavam de jogos de encaixe e construção.
No colégio, eram quatro as suas disciplinas preferidas: matemática, física, química e biologia. Apesar de seu interesse em ciência ter sido despertado assim que leu os livros de Julio Verne, foi só após o término da graduação que Murad decidiu seguir na pesquisa.
Mudanças ao longo do caminho
Bacharel em ciência da computação pela Universidade Católica de Brasília (UCB), ele conta que, a princípio, escolheu essa carreira por conveniência financeira e só ingressou na iniciação científica no final de seu curso. “No começo, optei pelo que pagava melhor, por influência de meu pai. Após me formar e trabalhar alguns meses, vi que não era isso que eu queria e ingressei no mestrado”, explica.
De acordo com ele, seus pais ofereceram-lhe auxílio durante todo o processo, mas, enquanto cursava o doutorado, foi o constante incentivo da esposa que se destacou. André, que obteve seu título de doutor em ciências genômicas e biotecnologia também pela UCB, não deixa de destacar a excepcionalidade e o apoio de seu orientador, o professor Octávio Luiz Franco.
Atuação profissional
Além de membro do corpo editorial da Organelles Proteomics e da OA Biotechnology, Murad atualmente trabalha como pesquisador no Centro Nacional de Recursos Genéticos e Biotecnologia da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Cenargen/Embrapa).
Suas pesquisas, voltadas para o estudo das sedas de aranhas, buscam fortalecer outros tipos de fibras. “As sedas de aranhas são bastante resistentes e flexíveis. A ideia é utilizar parte delas para compor outras fibras, como o algodão e o linho, tornando-as mais fortes”, explica o especialista em bioquímica e proteômica. “Além disso, também trabalho com a expressão e purificação de proteínas anti-HIV expressas em soja. O intuito é fazer um medicamento em forma de gel que possa ser usado por mulheres antes do ato sexual para se protegerem do HIV”, completa.
Aprendizado constante
Curiosidade e observação. Para André, são essas as características fundamentais a um cientista. “São elas que despertam aquela vontade de descobrir respostas e motivam a investigação”, opina. Em sua visão, a dinâmica que envolve a ciência é encantadora, uma vez que tudo se altera de maneira muito rápida. Segundo ele, “sempre há coisas novas a serem aprendidas, é muito difícil ficar fazendo a mesma coisa por muito tempo”.
A um jovem interessado pelo campo científico, Murad diria: “Não se preocupe muito em relação a que profissão escolher. O mestrado e o doutorado te possibilitarão aprender aquilo que a graduação não ensina e, então, você poderá ver qual é a sua praia.”