O objetivo das sociedades é promover a ciência, direcionando a atenção geral para assuntos científicos, além de facilitar a inserção entre os cidadãos. A afirmação foi feita pela presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena Nader, durante a palestra “O papel das sociedades para o avanço da ciência em um mundo globalizado”, na XV Reunião Científica Anual do Instituto Butantan, que aconteceu na última sexta-feira (06/12), cujo tema este ano foi “Internacionalização da Ciência Brasileira: Caminhos e Desafios para o Instituto Butantan”.
Durante o encontro, Helena discorreu sobre histórias e missões de sociedades do mundo, que têm praticamente o mesmo ideal, como a Britsh Science Association (BSA), American Association for the Advancement of Science (AAAS), Indian Science Congress Association (Isca), Japan Society for the Promotion of Science (JSPS), China Association for Science and Technology (Cast) e a Euroscience. “A mais antiga é a BSA, que foi criada em 1831, surgindo com a intenção de melhorar a percepção da ciência e dos cientistas no Reino Unido. “Quando a gente vai ver o que a BSA propõe é muito parecido com as coisas que estamos fazendo no Brasil, porque lá também há problemas”, disse. “A BSA luta pela democratização da ciência. Ela quer que a ciência dialogue com a sociedade porque as pessoas só vão defender uma sociedade se entenderem o que se faz”, completou.
Outro exemplo citado por Helena foi a American Association for the Advancement of Science (AAAS), criada em 1948, para promover a cooperação dos cientistas, fomentar a responsabilidade científica, além de apoiar a educação científica. “Ela têm várias vertentes, como por exemplo, trabalhar junto ao governo federal. A AAAS tem em todos os gabinetes do governo pessoas qualificadas para apoiá-la. Isso é fundamental. Teríamos que ter isso no Brasil, mas se precisa de dinheiro. O Brasil faz um grande discurso que a ciência é importante, mas não estamos sendo reconhecidos”, lamentou. “Reconhecer que é importante é financiar com altura. E nossos financiamentos já foram melhores”, completou.
A Japan Society for The Promotion of Science (JSPS), surgiu em 1932 de uma doação concedida pelo imperador Showa. Em 1967, ela se tornou uma organização quase-governamental, no âmbito do Ministério da Educação, Ciência, Esporte e Cultura. Em 2003 virou uma instituição administrativa independente, buscando melhorar a eficácia e eficiência da gestão. “Ela é bem diferente das outras porque avalia e financia projetos. A AAAS, por exemplo, publica a Science, por isso, ganha dinheiro de projetos de governo, mas não financia ciência”, ressaltou.
Helena citou ainda que a sociedade mais recente do mundo é a Euro Science, criada em 1997, e que representa os cientistas europeus de todas as áreas de conhecimento e os interessados em ciência em instituições públicas, universidades, institutos de pesquisa ou setor empresarial. “Esta sociedade realiza reuniões a cada dois anos. A próxima será em 2015 na Dinamarca”, disse. Entre as missões da Euro Science está a de contribuir para o desenvolvimento científico e tecnológico da Europa.
SBPC

Helena também apresentou a SBPC. “Hoje a SBPC tem um papel de interlocutor. Temos cada vez mais uma presença constante dentro do cenário político na defesa da educação, saúde, meio ambiente e ciência”, disse. Dentre as missões da sociedade, a presidente citou a luta pela qualidade e universalidade da educação em todos os níveis; a defesa dos interesses dos cientistas; a disseminação do conhecimento científico por meio de ações de divulgação da ciência; a luta pela remoção dos empecilhos e incompreensão que embaracem o progresso da ciência. “Não estamos tendo muito sorte, entre os exemplos está o PNE (Plano Nacional de Educação) que era um projeto para dez anos que ainda não foi aprovado”, lembrou.
Mas, nem tudo são derrotas. Helena lembrou que a SBPC teve um papel fundamental na aprovação do Código Florestal. “Em algumas coisas fomos ouvidas, em outras não. Mas sem a intervenção da SBPC o código seria muito pior do que aquele que foi aprovado”, explicou.
Educação
Ao falar da importância da alfabetização científica para todas as crianças, Helena citou o Projeto 2061 que é uma iniciativa de reforma nacional da educação da AAAS, para ajudar todos os americanos a tornarem-se alfabetizados em ciências, matemática e tecnologia. “A China traduziu este projeto e distribuiu em todas as escolas. O meu sonho era poder fazer isso aqui no Brasil”, disse.
Para a presidente da SBPC, é preciso aumentar a consciência entre pais e familiares do valor da alfabetização científica para todas as crianças.