A Academia Brasileira de Ciências (ABC) realizou o Simpósio Mudanças Climáticas no Brasil: desafios e oportunidades para o setor de seguros em parceria com a Geneva Association [Associação de Genebra] e com o apoio da Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNseg), Munich Reinsurance CO., Swiss Reinsurance Co. e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), no dia 26 de setembro, em sua sede no Rio de Janeiro.

O evento reuniu lideranças dos setores público e privado e da comunidade científica, exatamente para mobilizá-los em torno do debate sobre como ampliar a capacidade da sociedade reagir aos desastres naturais de origem climática, de forma a preservar vidas e patrimônios. Dois dias antes do evento, a presidente Dilma Rousseff havia feito um pronunciamento na Assembleia Geral das Nações Unidas no qual mencionou as mudanças climáticas e a necessidade de cuidados com o mundo, o que certamente aumentou o interesse de todos.


Lideranças da FenSeg, Geneva, ABC, MCTI, e CNSeg participaram da
cerimônia de abertura do simpósio



Cooperação importante para atividades do setor, inclusive salvar vidas

Na cerimônia de abertura, o presidente da ABC Jacob Palis deu boas vindas aos palestrantes e ao público presente, formado principalmente por pessoas do setor segurador. “A aproximação da comunidade científica com o setor privado traz benefícios para ambos os lados, como a ABC vem defendendo ao longo dos últimos anos. Está é mais uma oportunidade para quebrarmos as barreiras entre cientistas e empresários, especialmente na união desses setores, que não é somente indispensável para o desenvolvimento do país, como para salvar vidas”, afirmou.

Carlos Alberto Trindade, vice-presidente da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), concordou com Palis, oferecendo o ponto de vista do empresário do setor segurador: “Como empresário, posso dizer que a realização desse simpósio é importante para o aprimoramento do setor, pois a avaliação de riscos extremos, de desastres naturais, das mudanças climáticas, além do cálculo de recursos necessários e ainda as estimativas de preços dos seguros só sera possível através da aproximação com a ciência.”

De acordo com Solange Beatriz Palheiros Mendes, diretora executiva da CNSeg, o simpósio vem em boa hora para o setor e não apenas por causa do retorno gerado para as seguradoras que incorporarem a ciência em suas operações. “Para que as preocupações do setor sejam orientadas pela sustentabilidade do planeta, é preciso estar a par do conhecimento existente sobre as mudanças climáticas e dos desastres naturais”, explicou.

O Acadêmico Carlos Nobre, secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e membro titular da ABC, também se pronunciou na ocasião. “O conhecimento acumulado no país sobre as mudanças do clima é grande, tanto para explicar o que está em curso, quanto para o que se espera para o futuro. Hoje, é difícil passar um dia sem a notícia de um evento climático, um desastre natural. O Brasil pelas suas características climáticas, geológicas, e ocupação do espaço urbano sofre com isso especialmente. É importante ressaltar que o clima ou os desastres naturais não ocorrem de forma isolada em regiões e países, ultrapassando fronteiras nacionais e até continentais, dependendo da sua magnitude. Todos precisamos conhecer as nossas vulnerabilidades, o setor segurador principalmente.”

Nobre também mencionou o papel da ABC no sentido tornar o conhecimento científico uma pauta dos setores público e privado, a seu ver uma ação fundamental. “A ABC tem sido uma das pontes mais efetivas entre o conhecimento científico, o empresariado e o governo. Isso desperta a atenção geral para um assunto em particular, incluindo as mudanças climáticas, e permite que ele possa ser efetivamente enfrentado. O Brasil tem um protagonismo na área e em muitos aspectos lidera a discussão sobre o clima no debate internacional, cobra dos países industrializados há mais tempo a redução de emissão de poluentes e que os países emergentes, no qual se inclui, não repita os mesmos erros”.

Encerrando a abertura do evento, John Fitzpatrick explicou que o papel da ABC destacado por Nobre é realizado pela Geneva Association, da qual é secretário geral e diretor de gestão, especificamente para o setor segurador. Geneva é um “think tank” – ou seja, uma usina de ideias – com mais de 40 anos de conhecimento acumulados através de diversos programas de pesquisas, envolvendo seguros e finanças, regulação e supervisão, gestão de risco, vida e previdência, saúde e envelhecimento e economia de seguros. Ele explicou que a associação detecta as primeiras ideias e debates emergentes sobre questões políticas, econômicas e sociais relativas à indústria de seguros, a estabilidade, nomeadamente financeira e regulação, o risco climático, o envelhecimento global e as preocupações de responsabilidade. “Em face dessa atuação, pode-se deduzir o interesse despertado pela realização deste evento, que relaciona diversos setores, gerando um espaço para troca de experiências entre o empresariado e de conhecimento com cientistas”, concluiu.