O Brasil ganhará até 2016 uma nova fonte de luz síncrotron, com a qual ampliará sua capacidade de “enxergar” e compreender com precisão a composição dos materiais. A importância dessa tecnologia para o País e o seu processo de implantação serão abordados na conferência “Projeto Sirius: os desafios da construção da Fonte Síncrotron de Terceira Geração”, que o professor Carlos Alberto Aragão de Carvalho Filho, diretor-geral do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), vai proferir dia 11 de outubro, às 11 horas, no auditório da Coppe, no Centro de Tecnologia 2 (CT2). A palestra faz parte do Ciclo de Conferências Coppe 50 anos.
As fontes de luz síncrotron são equipamentos de grande porte, que produzem feixes de radiação eletromagnética de amplo espectro e de alta intensidade, utilizados no estudo de materiais sintéticos e biológicos em escala atômica. O Brasil conta com essa tecnologia desde 1997, quando foi inaugurado o Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), em Campinas. Com a necessidade de aprofundar as pesquisas nessa área, o País deu início, em 2009, ao Projeto Sírius, cujo objetivo é implantar um laboratório dotado de uma fonte síncrotron de terceira geração, com brilho superior ou comparável às mais modernas do mundo.

A luz síncrotron é uma ferramenta que permite aos pesquisadores interagir com os átomos que compõem os materiais. Isso amplia a capacidade de compreender o comportamento e a característica deles, como sua resistência elétrica e mecânica, propriedades óticas e magnéticas e funções das moléculas biológicas. A tecnologia contribui também para o controle da matéria e o desenvolvimento de novos materiais, que poderão ser mais leves, mais resistentes e mais eficientes. Daí a aplicação desses estudos nas áreas de fármacos, energia, materiais, petroquímica, cosméticos e alimentos, entre outras.

Segundo o diretor-geral do CNPEM, o primeiro feixe de luz do novo laboratório deverá entrar em operação em meados de 2016. A nova fonte deverá estar concluída em 2017, quando será aberta aos pesquisadores e empresas interessadas em realizar ensaios com a tecnologia. O interesse acadêmico e comercial pela luz síncrotron é grande. A atual fonte síncrotron do LNLS, de segunda geração, foi utilizada em 2012 por cerca de 1.400 pesquisadores do Brasil e do exterior.
Ao longo de cinco anos serão investidos R$ 650 milhões para a implantação da nova fonte, que também ficará no LNLS. No final do mês de novembro será iniciada a construção do prédio, que ficará em uma área de 150 hectares, contígua à área de 380 hectares onde hoje estão instalados o LNLS e os outros três laboratórios que integram a estrutura do CNPEM: o Laboratório Nacional de Biociências (LNBio), o Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE) e o Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNano).