O 2º Encontro Nacional de Membros Afiliados da Academia Brasileira de Ciências ocorreu nos dias 28, 29 e 30 de agosto, no Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC) do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), sediado em Petrópolis, no estado do Rio de Janeiro. Com o tema Ciência & Tecnologia no Brasil: para onde queremos caminhar?, o evento reuniu cientistas jovens, seniores, gestores e autoridades das áreas de C&T para debaterem Internacionalização da ciência brasileira, Integridade científica e Desenvolvimento de CT&I na Amazônia, discussões as quais o Notícias da ABC fez a cobertura.
Pesquisas em curso já trazem bons resultados
Mas não se falou apenas de política da ciência no evento. Alguns membros afiliados da ABC – jovens cientistas que participam das atividades da Academia por cinco anos – também apresentaram o andamento de suas pesquisas.
Na área de ciências biológicas, Noemia Kazue, pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e afiliada à ABC no período 2009-2013, relatou seus estudos sobre bioprospecção de macrofungos da Amazônia, apresentando perspectivas sobre o tema. A seu ver, os macrofungos existentes na região amazônica são pouco conhecidos, diferentemente de países da Europa ou o Japão, país onde fez seu doutorado, onde existe conhecimento aprofundado sobre as espécies encontradas no seu território. Neste sentido, a intenção de Kazue é aplicar na Amazônia o conhecimento que ela obteve no exterior, pois a biodiversidade de macrofungos na região é enorme e o conhecimento a respeito precisa ser ampliado.
Na área de ciências da saúde, Antônio Lúcio Teixeira, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e membro afiliado da ABC entre 2009 e 2013, comentou sua pesquisa sobre o papel de mediador entre a mente e o corpo humano desempenhado pelo sistema imunológico. Ele explicou que o sistema imune é tradicionalmente associado à defesa do organismo contra micro-organismos, mas participa de outras funções para garantir a homeostase, ou seja, o equilíbrio interno do organismo dos seres humanos em geral. Para tanto, o sistema imune tem que atuar maneira muito próxima e interligada ao sistema nervoso.Por isso, Teixeira estuda a interação entre os sistemas mencionados a partir de situações patológicas e fisiológicas distintas, demonstrando como o sistema imune, em se alterando, é capaz de alterar também o sistema nervoso.
Na área de ciências químicas, Luciana Almeida, professora da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e membro afiliado da ABC eleita para o período de 2010 a 2014, está pesquisando como a fotossíntese artificial pode ser um caminho para a geração de combustíveis sustentáveis. A ideia é reproduzir a fotossíntese num ponto específico, a reação química. Ou seja, não é intenção da pesquisadora reproduzir integralmente a fotossíntese natural, realizada pelas plantas.
Na área de ciências matemáticas, Fernando Codá, pesquisador do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA) e membro afiliado da ABC entre 2010 e 2014, explicou a solução que sua pesquisa encontrou para a Conjectura de Willmore. Trata-se de um estudo feito em colaboração com André Neves, pesquisador do Imperial College, sediado no Reino Unido, que resolve um problema matemático que estava sem solução desde meados do século passado. A conjectura trata de superfícies no espaço que possuem a forma de uma bóia. A questão é encontrar, dentre todas essas superfícies no espaço, qual é a melhor, mais elegante ou bonita possível e matematicamente interessante. “Cada superfície no espaço vem com uma energia elástica de deformação, por isso a tarefa é encontrar a superfície que possua a menor energia elástica possível. O matemático inglês Thomas James Willmore fez uma previsão em 1965 e, através de nossa pesquisa, foi possível comprová-la recentemente”, afirmou.