Representantes da comunidade científica brasileira, comprometidas com o bem-estar social, com o desenvolvimento sustentável e o futuro do planeta, a Academia Brasileira de Ciências (ABC) e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) participam do debate sobre o novo Código Florestal (Lei 12.651/2012 e Lei 12.727/2012), defendendo que os vetos feitos pela Presidente Dilma Rousseff sejam mantidos.

Em 25 de junho de 2012, a presidente fez 12 vetos e 32 modificações ao novo Código Florestal restringindo a exploração de recursos naturais e consolidando um sistema de reflorestamento que favorecem a preservação ambiental. Naquela ocasião, a pressão social para estes vetos não foi pequena. A ABC e a SBPC também se manifestaram através de estudos estratégicos e manifestos.

Hoje, dia 8 de março de 2013, as duas instituições enviaram uma carta ao Congresso Nacional conclamando os senadores e os deputados federais a considerarem justos os vetos, mantendo-os de forma que o Código Florestal beneficie toda a nação:

Excelentíssimos Senhores
Senadores e Deputados Federais
Congresso Nacional

Prezados Senhores,

A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a Academia Brasileira de Ciências (ABC) veem com preocupação as notícias sobre a intenção de um grupo de parlamentares de derrubar os vetos da Presidente Dilma Rousseff ao novo Código Florestal (Lei 12.651/2012 e Lei 12.727/2012), aprovado pelos parlamentares no ano passado.

Os vetos da Presidente atenderam, em parte, as reivindicações e contribuições da comunidade científica, entre as quais a garantia de inclusão social no campo, a correção da definição de pousio, o reconhecimento de que as várzeas, salgados e apicuns são áreas de preservação permanente, o impedimento do uso isolado de árvores frutíferas na recomposição de áreas de preservação permanente e o estabelecimento de regras diferenciadas para a recomposição das margens de rios, de acordo com o tamanho da propriedade.

A SBPC e a ABC entendem que, na questão ambiental, o Brasil deve partir de premissas básicas que o próprio país aprovou em convenções internacionais, como por exemplo, a Convenção de Ramsar, a Convenção da Biodiversidade Biológica, a Rio+20 e a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável. Lembramos que nesta última, sob coordenação do Brasil, os países aprovaram o documento “O Futuro que Queremos”.

O texto ressalta o compromisso com um futuro sustentável para o planeta de modo que haja a integração equilibrada das dimensões social, econômica e ambiental. Além disto, enfatiza os benefícios sociais, econômicos e ambientais que as florestas, seus produtos e serviços, podem proporcionar para as pessoas e para as economias. Para que isto ocorra, os
países concordaram em realizar esforços para o manejo sustentável das florestas, a recomposição, a restauração e o florestamento, para aumentar as reservas florestais de carbono.

Por isso, a SBPC e a ABC pedem que os senhores senadores e deputados mantenham os vetos presidenciais ao novo Código Florestal e o mantenham como está, pois foi o melhor que se conseguiu diante das circunstâncias históricas em que se deu sua discussão e elaboração.

Na certeza da atenção de Vossas Excelências ao nosso pleito, apresentamos respeitosas saudações.

Atenciosamente,

HELENA B. NADER
Presidente SBPC

JACOB PALIS
Presidente ABC