No lugar de salas de aulas tradicionais, espaços amplos e sem paredes; ao invés de turmas, alunos reunidos em equipes chamadas “famílias”; nada de quadros-negros ou giz, é a vez dos tablets, e os professores transformam-se em mentores. Essa é a proposta do projeto GENTE – Ginásio Experimental de Novas Tecnologias implantado pela Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro na Escola André Urani, na Rocinha, e que terá início neste ano letivo.

O professor afirma que a iniciativa deveria ser estendida para todo o país. “Essa experiência merece a atenção da comunidade acadêmica, especialmente da área de Educação, e ser avaliada, como o projeto recomenda, para, no caso de sucesso, ser expandida a todas as escolas do Rio de Janeiro e do Brasil”, observa.
Com a nova metodologia, as antigas séries deixam de existir. Em vez disso, os 210 jovens da André Urani – que estariam entre o 7º e 9º anos do ensino fundamental – são agrupados em equipes de seis membros, chamadas de “famílias”, independentemente de sua série de origem. A formação das famílias dar-se-á em parte por afinidade, levando em consideração as escolhas dos próprios membros, e em parte pelo diagnóstico de habilidades, após avaliações aplicadas aos alunos.
Os profissionais do município montaram esse projeto inspirados na observação de várias experiências educacionais positivas de diferentes países. O primeiro pilar do projeto é a defesa da personalização do ensino. Cada aluno irá avançar com base no seu desenvolvimento e a avaliação não será feita por notas, mas por competências.
Em 2013 também começam as atividades de mais dois Ginásios Experimentais: das Artes Visuais (GEA), na praça Mauá e do Samba (GES), próximo ao Cacique de Ramos, na Zona Norte do Rio. No GENTE, tablets e smartphones substituirão os antigos cadernos.
Será disponibilizada a Educopédia, plataforma de aulas digitais de cada disciplina, criada pelos próprios professores da rede municipal.
No GES, os alunos vão aprender a tocar instrumentos musicais, terão aulas de canto e orquestra, de história da música e teoria musical, além de atividades em parceria com o Cacique de Ramos, um dos berços do samba carioca. No GEA, além de interação com o Museu de Arte Moderna, serão oferecidos aos alunos nove ateliês: desenho, pintura, cor, figura, tecelagem, 3D, artes gráficas, outras mídias e intervenção.
No GENTE, o professor não será mais um transmissor de conteúdo, e sim, um facilitador, que ajudará seus alunos a encontrarem o seu próprio conhecimento e irá indicar formas para que esse processo seja efetivado. O professor é o mentor responsável pelas famílias de alunos. E cada mentor será responsável por três famílias, que reunidas formam as equipes. Serão transmitidos conteúdos como higiene, sustentabilidade, por exemplo, sempre envolvendo e motivando o aluno. Em vez de dar aula de português ou matemática, o mentor vai ajudar o aluno a encontrar a informação de que precisa para entender o conteúdo, mesmo que o assunto não seja o da sua formação.
Para que os alunos possam escolher entre ambiente virtual ou presencial, é preciso que todos os alunos tenham acesso a equipamentos e internet. Por isso, cada aluno terá o seu tablet ou netbook e, quando for pedagogicamente justificável, vai poder levá-lo para casa. Todas as dependências da Escola André Urani terão internet sem fio, de alta velocidade.
Para Roitman a natureza coletiva do método com formação de grupos é um instrumento importante para a construção de ações coletivas que contribuirá para uma plena compreensão e convivência da diversidade. “Tenho convicção de que ao contemplar o brilho dos olhos dos jovens do projeto GENTE, notaremos diferenças significativas em comparação com os jovens envolvidos no atual sistema educacional brasileiro”, conclui.