A VII Conferência e Assembleia Geral da Rede Global de Academias de Ciências (IAP) será realizada no Rio de Janeiro entre os dias 24 e 26 de fevereiro, no Rio Othon Palace, em Copacabana. Este ano, o evento terá como tema “Ciência para a Erradicação da Pobreza e o Desenvolvimento Sustentável” e reunirá os presidentes das Academias de Ciências do mundo, bem como 64 grandes cientistas, atores relevantes no cenário científico internacional.
Responsável pela organização desta edição do encontro, a Academia Brasileira de Ciências (ABC) propôs o foco da reunião de 2013. O tema está diretamente relacionado com os esforços que o Brasil tem demonstrado no cenário internacional, no que se refere ao combate à pobreza e a busca por alternativas sustentáveis de desenvolvimento. A abertura do evento contará com a presença da presidente Dilma Roussef e do ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Marco Antonio Raupp.
Para a ABC, a realização desse evento no Rio de Janeiro vai contribuir para que outras Academias sigam esse caminho. Para Marcos Cortesão, assessor técnico da ABC e membro do comitê organizador da VII Conferência da IAP, com essa reunião, a expectativa da academia é fortalecer esta visão no IAP e nas Academias. “No âmbito das Américas, avaliamos que esse processo já está em curso, a partir da atuação da Rede Interamericana de Academias de Ciências (IANAS), mas é importante que isso se fortaleça ainda mais na América Latina e nas demais regiões do planeta”, afirmou.
A escolha do tema da reunião também merece destaque, pois, de acordo com Cortesão, teve a influência da academia brasileira. Ele afirma que, nos próximos meses, os países estarão iniciando processos nacionais para construir suas recomendações para o debate internacional, no âmbito da ONU, sobre qual deva ser a nova agenda internacional; sobre quais devam ser as Metas do Desenvolvimento Sustentável.
“O tema, em boa medida, deu-se por influência da ABC. Muito recentemente foi realizada no Rio de Janeiro a Rio+20, que definiu como uma preocupação fundamental para o futuro da humanidade a erradicação da pobreza e a construção da sustentabilidade. Nós entendemos ser muito importante que a comunidade científica internacional e as Academias de Ciências estejam profundamente envolvidas nesse processo, buscando contribuir nos debates nacionais, para que as reflexões e discussões sobre quais devem ser as prioridades e metas estejam embasadas no conhecimento científico”, disse Cortesão.
Ainda segundo ele, não é possível se pensar o futuro do planeta com base em crendices ou informações imprecisas. “É evidente que não são as academias ou os cientistas que vão definir o que e como fazer, mas certamente é um papel inequívoco da comunidade científica contribuir para esse processo, relacionando-se com os diferentes atores e levando ao debate a voz da ciência”, declarou.
Nesta primeira edição, a academia brasileira está propondo um evento paralelo à VII Conferência da IAP: os Diálogos para o Desenvolvimento, três entrevistas coletivas temáticas, com dois cientistas especialistas em cada tema mediadas por jornalistas especializados de diferentes meios de comunicação. A ideia dos encontros é aproximar a comunidade científica tanto dos jornalistas como de representantes de outros segmentos sociais, já que a conferência é fechada para convidados.
De acordo com Marcos Cortesão, essa é uma novidade que se insere na perspectiva de construção de pontes que permitam a interlocução da comunidade cientifica com atores relevantes da sociedade, que estarão envolvidos no diálogo para a construção da agenda pós-2015. “O amplo debate na sociedade é fundamental e a ciência deve buscar se fazer presente, levando sua visão para as diferentes temáticas em discussão na sociedade, no Congresso Nacional ou em outros espaços relevantes. Nesse contexto, um ator fundamental para ajudar a construir a interlocução da comunidade científica com a sociedade é a mídia”, revelou.
Ao buscar uma parceria com a mídia para esses encontros, a ABC promoveu discussões com algumas editorias de ciência dos principais jornais do Brasil, que, junto com a Academia, pensaram e desenharam esse modelo. “O jornalista não pode ser compreendido como um mero reprodutor daquilo que o cientista diz. Afinal, ele desempenha um papel fundamental na construção de pontes que permitem o diálogo do cientista com a sociedade”, defendeu Cortesão.
Para os organizadores da ABC, a imprensa desempenhou um papel fundamental nas discussões realizadas em eventos semelhantes, como a Eco-92 e a Rio+20, aos quais essa conferência de 2013 pretende dar continuidade.
No dia 25, a primeira coletiva, com o tema “Mudanças Climáticas e Desastres Ambientais”, terá como mediadora a jornalista Ana Lucia Azevedo, de O Globo, e os entrevistados serão Carlos Nobre (MCT/INPE) e Luiz Pinguelli Rosa (Coppe/ UFRJ). Na terça-feira, dia 26, será a vez da jornalista Claudia Collucci, da Folha de São Paulo, mediar os entrevistados Elibio Rech (Embrapa) e Protásio Lemos da Luz (Incor), que falarão sobre Saúde e Segurança Alimentar. Encerrando a série de coletivas, a editora do Ciência Hoje On-line, Carla Almeida será a mediadora da mesa com as entrevistadas Maggie Koerth Baker (Boing.Boing.net) e Petra Skiebe Correte (Freie Universitat Berlin), que debaterão sobre como Melhorar a Alfabetização Científica.
“Esperamos que esse formato inovador alimente uma rica discussão, que também estimule o estreitamento da relação da mídia com a ABC, e com a comunidade cientifica brasileira. Devemos buscar mecanismos que permitam um diálogo mais ágil e dinâmico entre o cientista e a sociedade”, enfatizou o assessor.