João Manoel Pinho de Mello, professor associado do departamento de economia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), foi eleito Membro Afiliado da ABC para o período entre os anos de 2012 e 2016. Graduado em administração pública pela Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP), ele possui mestrado em economia pela PUC-Rio e PhD na mesma área pela Universidade de Stanford, nos Estados Unidos. Dentre outras atividades, Mello é bolsista de produtividade nível II do CNPq e coordenador da America Latina Crime and Policy Network (ALCAPONE) e da Latin American and Caribbean Economic Association (LACEA).
Especialista nas áreas de pesquisa em microeconomia bancária, organização industrial e antitruste, economia do crime e economia política, o professor se define como um “cientista social empírico”. Seus estudos fazem uso de métodos quantitativos de mensuração para responder tanto perguntas das ciências sociais de maneira geral como da economia, especificamente.
Exemplificando, ele lista algumas das indagações que motivam suas pesquisas: São as armas são causas de crimes? As drogas acarretam o aumento da criminalidade ou a sua ilegalidade é a real causa de certos crimes? Os bancos públicos fazem com que o mercado de crédito se torne mais competitivo? Quanto vale o tempo na televisão dos candidatos a algum cargo político? Para responder a essas e outras muitas perguntas, o pesquisador diz sempre buscar o estabelecimento de relações causais. “O fato de que lugares com mais armas são mais violentos não mostra que armas causam mais violência. Afinal, as pessoas podem adquirir armas exatamente quando e porque vivem em locais mais violentos”.
Os primórdios de sua visão empírica
Antes de se tornar um cientista, João teve uma infância que caracteriza como normal. Seu pai era consultor e empresário e sua mãe exerceu, dentre outros, os cargos de secretária de educação do município de São Paulo, deputada estadual e funcionária do Banco Mundial e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Seus dois irmãos mais velhos são hoje graduados, um em economia e o outro, em publicidade.
Era um menino que gostava de ler. Na escola, suas disciplinas preferidas eram história e matemática. Ele conta que o interesse pela produção de conhecimento foi o que despertou seu interesse pela ciência. Uma influência marcante para essa tomada de decisão, segundo ele, foi um de seus tios, o qual – assim como João viria a fazer posteriormente – possui PhD em economia pela Universidade de Chicago, nos Estados Unidos.
Antes de escolher o curso de economia, João Manoel cursou engenharia, mas as únicas matérias das quais gostava eram matemática e física. O curso como um todo não era o que ele estava, de fato, procurando. Interessava-se bastante por economia, que satisfazia aos seus interesses relacionados à política, às temáticas que envolviam as ciências sociais e às coisas quantitativas. Optou então pela graduação em administração pública, Ele conta que não fez iniciação científica, pois não era dos mais interessados. “Só gostei da disciplina de economia, por isso não estudava muito”, relata. Por esse motivo, ele identifica o mestrado na PUC-Rio como um passo de extrema importância para seu desenvolvimento profissional. Nessa época, conheceu muitos professores importantes para sua trajetória e, em sua visão, “deu um salto de formação científica.” Quanto à sua especialização nos Estados Unidos, ele afirma: “Desde o começo da graduação queria ir para o doutorado no exterior”.
O que é ser cientista?
Para Mello, contemplado com o Prêmio Outstanding Teaching, da Universidade de Stanford, em 2001 e também com o Prêmio Haralambos Simeonidis na categoria melhor artigo, da Associação Nacional dos Centros de Pós-Graduação em Economia (ANPEC), em 2010, produzir conhecimento e descobrir uma relação causal limpa são as facetas mais encantadoras da ciência.
Ele aponta inteligência, persistência e rigor como características imprescindíveis a todos que desejam seguir uma carreira na área de pesquisa. Apesar de ressaltar que não se trata de uma escolha fácil, João enxerga a ciência como a melhor profissão do mundo, porque possibilita ao indivíduo fazer parte da construção mais importante da humanidade: a produção de conhecimento.
A respeito da sua titulação como Membro Afiliado, o pesquisador mostra-se honrado. Satisfeito com o reconhecimento representado por essa indicação, ele conta que pretende contribuir ao máximo com a ABC, continuando a produzir ciência e compartilhando com os demais Acadêmicos os avanços obtidos.