Entre os dias 5 e 8 de novembro, a Academia Brasileira de Ciências (ABC) promoveu a 7a edição da Conferência Avanços e Perspectivas da Ciência no Brasil, América Latina e Caribe, onde foram expostos progressos do conhecimento em todas as áreas da ciência. O evento acontece anualmente, integrando várias gerações de pesquisadores da comunidade científica da parte sul do continente.
“Uma parte mínima é fundamental para entender o todo”
Doutora em ciências biológicas (UFRJ), Teresa de Souza Seixas também é pesquisadora do Inca. Na palestra “Epigenética no câncer: a síndrome mielodisplásica”, ela abordou alterações desta doença, além de novas terapias para o seu tratamento, além dos avanços recentes em diagnóstico e de prognóstico. Para ela, o uso de biomarcadores para um diagnóstico mais precoce beneficiará a qualidade de vida dos pacientes, além de levar a novas formas de tratamento.
Doutora em Imunologia e Phd por universidades norte-americanas, Cristina Bonorino é professora da Pontifícia Universidade Católica (PUC-RS) e mostrou resultados do seu grupo de trabalho, que identificou uma propriedade nova para um neuropeptídeo que é ser quimio-atraente para as células, funcionando como um receptor migratório. O grupo está pesquisando a relação entre estresse emocional e o desenvolvimento de uma inflamação, além de estudar bloqueadores de peptídeos e receptores no combate ao câncer.
Doutor em genética e biologia molecular (UFRGS), Elgion Loreto é professor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Na palestra “Elementos genéticos móveis” ele abordou os transpósons, elementos que são capazes de trocar de localização nos cromossomos. Originalmente, os transpósons foram descobertos no milho e posteriormente se verificou sua presença em quase todos os organismos. “45% do genoma humano, por exemplo, corresponde a este tipo de sequência. A importância de se estudá-los é que eles podem ser usados como vetores de terapia gênica, além de estarem associados à indução de algumas doenças, como o câncer.”
Neste esforço dos palestrantes em produzir pesquisas que beneficiem a sociedade, a conferência ofereceu uma oportunidade de diálogo entre os cientistas e de interação com o público. Para Elgion Loreto, esse tipo de conferência é uma “grande partidária da interdisciplinaridade e do trabalho em parceria”. Cristina Bonorino concorda e acrescenta que “esses encontros aprofundam o nosso conhecimento, porque o grande avanço acontece quando observamos na pesquisa do outro um meio de progredir com a nossa, uma soma de visões distintas, de diferentes perspectivas”. “Aqui se sabe para onde a ciência está caminhando”, afirmou Luciana Pizzatti. “A ciência é isto: a união de todos para o aprendizado contínuo”, definiu Teresa Souza de Seixas. E cooperação, parceria, interdisciplinaridade são palavras diferentes que significam união.