O presidente da ABC e da TWAS, Jacob Palis, conduziu a 23ª Reunião Anual da TWAS, realizada entre os dias 18 e 21/9, em Tianjin, na China. Embora tenha mantido a sigla, durante o evento a TWAS ganhou um novo nome, passando a chamar-se Academia Mundial de Ciências para o Avanço da Ciência nos Países em Desenvolvimento. No final de seu segundo mandato como presidente da TWAS, Palis avaliou que “o novo nome é mais abrangente, pois a instituição tem, hoje em dia, cerca de 15% de membros de países desenvolvidos que dão apoio à Ciência nos países em desenvolvimento.”

Foi realizada a eleição do novo presidente e de membros da Diretoria e do Conselho. O eleito foi o presidente da Academia de Ciências da China, Bai Chunli, “um químico de primeiro nível”, segundo Palis, que assumirá a TWAS a partir de 1º de janeiro de 2013. A cerimônia de abertura da Reunião contou com a presença do presidente da China, Hu Jintao, que antes do início da sessão convidou Palis para uma conversa privada, acompanhada apenas por um intérprete, na qual Hu – que é engenheiro hidrelétrico – destacou o apreço da comunidade científica chinesa por ele e, mais geralmente, manifestou o interesse em estreitar a cooperação científica com o Brasil.
Ambos entraram juntos no palco da cerimônia de abertura, para compor uma formação da qual participaram vários ministros, o diretor da ABC Luiz Davidovich, o Acadêmico e presidente do CNPq Glaucius Oliva e o novo presidente da TWAS. Os únicos pronunciamentos, de acordo com o cerimonial chinês, foram o de Jacob Palis e o do presidente da China, cujo discurso, segundo Palis, “foi um atestado muito forte do compromisso do governo chinês com o desenvolvimento sustentável da ciência, tecnologia e inovação (CT&I) naquele país.”

À frente, Jacob Palis com o presidente da China, Hu Jintao;
atrás, ao centro, o presidente do CNPq Glaucius Oliva

Palis e os cientistas presentes, membros da ABC e da TWAS – dentre os quais Davidovich, Oliva e o diretor da ABC Antonio Carlos Campos De Carvalho – ficaram impressionados com o que encontraram: o país teve um crescimento muito grande da produção científica de qualidade. E boa parte deste crescimento se deu através de institutos da Academia de Ciências da China, que segue a antiga tradição de ter institutos de pesquisa. “A responsabilidade por estas instituições é, em última instância, da Diretoria e do Presidente da Academia chinesa”, destacou Palis. Nesse aspecto, em sua opinião, a China foi muito mais longe do que a Rússia: hoje a Academia chinesa tem 105 institutos com 150 mil funcionários, dos quais boa parte são cientistas. “Esses institutos abrangem todas as áreas – física, química, matemática, nanotecnologia , tecnologia aeroespacial, estudos da Lua, bioenergia, além de uma vasta gama de institutos na área de biologia, com laboratórios muito bem equipados”, relata Palis. “É uma gama fantástica de atividades, do mais alto padrão, e tem forte apoio do governo em todos os sentidos, inclusive financeiro.”
Palis conta que os chineses não pretendem parar por aí: ainda tem outros grandes projetos na área de CT&I. Um deles é a construção de um acelerador de partículas exclusivamente chinês, maior do que o LHC [Large Hadron Collider] do CERN [European Organization for Nuclear Research], que foi construído e é mantido por uma parceria de vários países. Outro projeto grandioso é o novo laboratório de luz síncroton que, segundo Palis, “será dez vezes maior do que o nosso LNLS de Campinas é hoje.” Além disso, a Academia criou em seu seio duas universidades, que serão então de sua responsabilidade. “Então, será quase que o ciclo completo de formação dos jovens mais capacitados vindos da universidade e diretamente expostos a essa gama formidável de novos institutos. É realmente uma situação de progresso muito impressionante.”
Palis ressaltou que tanto o presidente da China como o da Academia chinesa demonstraram grande interesse numa forte cooperação com o Brasil. “Ficou claro que uma plataforma dessa cooperação é a Academia de Ciências da China, com a qual a ABC tem fortes relações e pode contribuir para uma colaboração efetiva e muito relevante para os dois países.” Há, certamente, lições a recolher, na avaliação de Palis. “É muito importante vermos o que está sendo feito na China e trilharmos um caminho de fortalecimento intenso da CT&I no Brasil.”