As características que Luiz Gustavo Farah Dias, professor e pesquisador do Departamento de Matemática da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) considera mais importantes num cientista são a perseverança e a autoconfiança, no sentido de acreditar que pode resolver um determinado problema. “A capacidade de transmissão de conhecimento e de trabalho em equipe também são fundamentais.” A um jovem que tenha interesse pela ciência, mas ainda não escolheu sua profissão, Farah diria que a profissão de cientista é fascinante e traz muitas oportunidades.
Um estudante de primeira
Luiz Gustavo cresceu em Belo Horizonte, numa época em que ainda era possível brincar na rua, jogando futebol com os amigos do bairro. A mãe ficava em casa cuidando dos três filhos e o pai sempre trabalhou na Secretaria da Fazenda do Estado e, depois que se aposentou, passou a trabalhar num escritório particular. Os videogames de esportes ocupavam parte do tempo do menino. Mas suas preferências eram evidentes: futebol e matemática.
O gosto pelas ciências exatas e o apoio dos pais o colocaram no caminho acadêmico. Começou cursando Engenharia Mecânica na universidade, mas no meio do curso mudou para a Matemática. Fez iniciação científica na área de educação matemática, pois nessa época cursava a licenciatura no período noturno – o dia era dedicado a um curso de formação de oficiais no Exército. Nesse período, inclusive, ganhou a Medalha Correia Lima do Curso de Formação de Oficiais da Reserva (CPOR) em 1998 e, no ano seguinte, tirou o primeiro lugar no Estágio Preparatório de Oficiais Temporários (EPOT), ambos do Exército Brasileiro. No entanto, ao final de 2009, Farah resolveu não continuar no Exército, pois só havia vagas em lugares muito distantes de Belo Horizonte. Sorte da ciência brasileira…
Após concluir o curso, Farah resolveu, então, se dedicar integralmente à carreira de pesquisador e cursou as disciplinas do bacharelado. Depois, foi para o Rio de Janeiro, cursar o mestrado e o doutorado no Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (IMPA). “Acho que foi nesse período que me interessei pela pesquisa em matemática”. Morou no Rio por seis anos – um período ótimo, segundo ele, no qual fez novas amizades e aprendeu a viver longe da família. Em 2009 ganhou o prêmio Professor Carlos Teobaldo Gutierrez Vidalon pela tese de doutorado em matemática (ICMC-USP) e o Prêmio IMPA de Teses; no ano seguinte, recebeu o Prêmio CAPES de Teses. Posteriormente, fez estágios de pós-doutorado na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e na Universidade da Califórnia, em Santa Barbara, nos Estados Unidos. Depois de eleito Membro Afiliado da Academia Brasileira de Ciências, recebeu o IANAS Fellowship Award, da Interamerican Network of Academies of Sciences, em 2011.
O prazer de aprender coisas novas e pensar livremente
Descrever sua área de pesquisa para leigos, com palavras simples, lhe parece realmente muito difícil. “Estudo equações que modelam fenômenos físicos, como o movimento de ondas em fluidos e outros fenômenos fundamentais em física quântica. Meu maior interesse é entender em quais situações existe solução. Nos casos positivos, é possível mostrar se essa resposta é única ou se existem outras soluções. Também tento estudar as propriedades dessas equações, como regularidade e seu comportamento ao longo do tempo”, explica Farah.
O que mais o encanta na ciência é a liberdade de pensamento, o fato de poder trabalhar em coisas que acha interessante sem ter nada imposto por ninguém. “Gosto da minha área de pesquisa pela diversidade de problemas e pela possibilidade de sempre estar aprendendo coisas novas”, ressalta o Acadêmico.