“A luta vai continuar”. A frase foi repetida várias vezes por cientistas, pesquisadores e ambientalistas em uma referência à luta pela melhoria do Código Florestal, a proteção da biodiversidade e do desenvolvimento sustentável, durante a cerimônia de entrega do Prêmio Muriqui 2012 realizada no dia 16/06 no pavilhão do Governo do Estado do Rio de Janeiro no Parque dos Atletas, no seminário “As Reservas da Biosfera e a Rio+20”.

O presidente do Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, Clayton Ferreira Lino, intermediando a entrega do prêmio, disse que a escolha da SBPC coincidiu com o momento em que a instituição assumiu a defesa da melhoria do Código Florestal, com estudos e manifestos, e do desenvolvimento sustentável.

Lino lamentou o fato “de grande parte do recado da SBPC” não ter sido ouvida (no Congresso Nacional). Mesmo assim, ele disse que a campanha em prol da melhoria do Código Florestal será mantida. “O jogo ainda não terminou. Passamos do momento do veta Dilma para o jogo não terminou. E com certeza a Rio+20 vai marcar este momento”.

Segundo ele, a SBPC não é apenas “um baluarte” da ciência nacional. “Ela é a maior instituição científica que temos, é uma presença institucional de referência para os brasileiros na questão de cidadania, na luta pelas grandes causas e pelas perspectivas em termos de futuro”, disse para emendar. “A SBPC representa muito mais do que simplesmente uma associação de pesquisadores. Ela representa a alma daqueles que pensam no Brasil, que pensam o futuro”, declarou Lino.

Emocionada, a presidente da SBPC e Acadêmica Helena Bonciani Nader, ao receber o prêmio das mãos de André Ilha, diretor de biodiversidade do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) do Rio de Janeiro, agradeceu o prêmio, dedicando-o a todos os membros e sócios da SBPC e às 104 sociedades científicas que a constituem. “O que a SBPC tem feito em seus 64 anos de existência é lutar pela cidadania: é ciência para o cidadão, ciência pelo meio ambiente e ciência para todos os brasileiros”, disse ela, dedicando o prêmio também aos membros do Grupo de Trabalho que estuda o Código Florestal, do qual o Acadêmico Carlos Joly é participante e o coordenador é José Antonio Aleixo, diretor da SBPC.

Nova versão do livro Código Florestal

Presente à cerimônia, Aleixo aproveitou o momento para anunciar a segunda versão do livro do Código Florestal, uma coletânea de todas as cartas e documentos que sucederam a votação do texto no Senado Federal, em português e inglês, lançada na cerimônia do Prêmio Muriqui 2012.

Por sua vez, Aleixo agradeceu a dedicação voluntária de todos que trabalham no Grupo de Trabalho desde maio de 2010, como Antonio Donato Nobre, Carlos Alfredo Joly, Carlos Nobre, Celso Manzatto, dentre outros. Aleixo ressaltou que o grupo vai manter as atividades relacionadas ao Código Florestal. “O jogo continua”, disse.

Já o cientista Joly recebeu a premiação por ter se dedicado à Mata Atlântica há muitos anos. Ele é o criador do projeto Biota-São Paulo, o maior projeto científico do País que deu origem ao maior banco virtual de dados, e trabalha no Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), além de ser um dos ícones do conhecimento científico do Brasil e participante na defesa da melhoria do Código Florestal.

“Talvez não tenhamos nenhum especialista mais importante do que o professor Joly no conhecimento sobre a flora da Mata Atlântica, não apenas como pioneiro, mas também como conhecedor do entendimento do funcionamento da Mata Atlântica”, disse o presidente da RBMA.

Agradecendo a premiação, Joly afirmou que conheceu a região “pelas mãos” de seu pai, um experiente botânico que o ensinou as diferenças das especificidades do bioma; e por intermédio de projetos de pesquisa sobre a Serra do Japi (SP), na tese de seu doutorado.

Diversidade biológica

Por último, o presidente da RBMA entregou o prêmio a Thomas Lovejoy, responsável por colocar o conceito de biodiversidade na pauta de prioridade mundial e introduzir o termo “diversidade biológica” na comunidade científica.

“Quando falamos de uma convenção da biodiversidade é uma conseqüência desse trabalho dele. Ele é muito mais do que um cientista, é um cidadão, de uma cidadania global”, disse Lino. O cientista é consultor-chefe do Banco Mundial sobre a biodiversidade e desenvolvimento sustentável. A edição especial do Prêmio Muriqui 2012 homenageia o conjunto da obra de Lovejoy, em nome do meio ambiente, do desenvolvimento sustentável e da cidadania global. “O cientista sintetiza o que a Eco92 propôs e o que a Rio+20 deve reafirmar”, ressaltou Lino.

Por sua vez, agradecendo a premiação, Lovejoy arrancou risos da plateia ao declarar: “Antes eu tinha ciúmes do macaco porque ele tinha uma cauda, e agora eu tenho uma cauda”, observou, referindo-se à estatueta de bronze no formato de um macaco.

Saiba mais sobre a premiação: http://www.sbpcnet.org.br/site/home/home.php?id=1654.