A sensação geral é de otimismo, mas a pulga atrás da orelha continua lá. Indagados por estrangeiros, cientistas, políticos e ambientalistas, brasileiros opinaram com moderação a respeito de suas expectativas em relação à Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, Rio+20, durante o Fórum Internacional sobre Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Sustentável, organizado pelo International Council for Science (ICSU). O evento terminou na sexta-feira (15) na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro/Puc-Rio.
“Do ponto de vista da agência, temos que ser otimistas pois temos uma série de objetivos e políticas nacionais e internacionais para os próximos anos, além de investimentos no sentido de promover o desenvolvimento sustentável”, afirma Glaucius Oliva, presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Por sua vez, Helena Bonciani Nader, presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), insistiu no fato de que a educação deve “virar prioridade” nos países. “Conseguindo isso, conseguiremos todo o resto. E, se tivermos que fazer uma Rio+40, ela será em um planeta muito mais sustentável e não apenas uma celebração e uma discussão de como salvá-lo”, conclui.
O ambientalista Fábio Feldmann, ex-secretário do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, afirma não estar “muito otimista” por achar que “falta liderança no processo”. “Acho que estamos tendo a mesma discussão que tivemos em Estocolmo, quarenta anos atrás, uma discussão entre Norte e Sul, um debate que não está sendo capaz de encarar que o planeta tem limites e que estamos todos no mesmo barco”, pontua.

Foco

Feldmann também critica a “falta de foco” do Rascunho Zero. “Nos anos 70, falávamos do futuro que teríamos. Nos anos 90, sobre os rumos, e agora falamos sobre o Futuro que Queremos [título do rascunho do documento]. A questão não é o futuro que queremos e sim mudar e descobrir como engajar realmente os tomadores de decisões e como mobilizar a sociedade”, opina.
Jacob Palis, presidente da Academia Brasileira de Ciências, acredita que “o otimismo é algo característico de nosso povo”. “Porém, meu otimismo vem dos progressos que estamos fazendo em Ciência e Tecnologia aqui recentemente, aliada à diminuição da pobreza e a uma democracia substancial”, completa. Para o presidente da ABC, não apenas o número de cientistas vêm crescendo no Brasil, mas também está aumentando o diálogo político com a ciência nas esferas federal e local.